segunda-feira, 8 de julho de 2013

POLLYANNA - Capítulo XIV - Uma simples geleia



Pollyanna estava um pouco atrasada para o jantar na noite do acidente de John Pendleton, mas não foi repreendida.
Nancy a encontrou na porta.
– Ainda bem que chegou, são seis e meia!
– Eu sei, mas não tenho culpa. E tenho certeza de que a tia Polly não vai me repreender.
– Ela não terá essa chance – respondeu Nancy, satisfeita. – Ela saiu.
– Saiu? – perguntou Pollyanna admirada. – Eu que a fiz ir embora? – Na cabeça dela vieram as lembranças do que se passara de manhã com o menino rejeitado, a história do gato e do cão e das indesejadas palavras “contente” e “papai” que, mesmo estando proibidas, escapavam da sua boca. – Não me diga que eu fiz alguma coisa errada!
– Não, a culpa não foi sua. A prima dela morreu de repente em Boston e ela teve que viajar. Esta tarde, depois de você ter ido embora, chegaram vários telegramas e ela partiu. Só voltará daqui a três dias. Mas que bom, vamos ficar com a casa só para nós durante esse tempo todo!
Pollyanna olhou para Nancy, chocada.
– Você está contente? Oh, Nancy, quando há um enterro?
– Mas eu não estou contente por causa do enterro, Miss Pollyanna. E não foi você mesma que me ensinou o jogo? – disse ela com uma expressão séria.
Pollyanna franziu a testa.
– Há certas coisas que não servem para se jogar o jogo, e enterro é uma delas. Num enterro não há nada que nos possa deixar contentes.
Nancy retorquiu:
– Podemos ficar contentes por não ser o nosso enterro – observou ela.
Pollyanna não lhe deu atenção. Tinha começado a contar o acidente em detalhes e Nancy ouviu tudo  até o fim de boca aberta.
No dia seguinte, conforme combinado, Pollyanna foi encontrar-se com Jimmy Bean. Como esperado, Jimmy mostrou-se desapontado porque as senhoras da Caridade preferiam ajudar um menino da Índia do que ele.
– Bem, talvez isso seja natural – disse ele, com um suspiro. – As coisas que não conhecemos são sempre melhores do que as que conhecemos. Só queria que alguém olhasse por mim dessa maneira. Quem sabe não há alguém na Índia que me queira?
Pollyanna bateu palmas.
– É isso mesmo! É a mesma coisa. Vou escrever para as minhas senhoras da Caridade! Elas não estão na Índia, estão no oeste, mas é muito longe e vai dar no mesmo. Tenho certeza que ficam contigo, porque você está bem longe.
Os olhos de Jimmy brilharam.
– Acha possível que elas queiram cuidar de mim?
– Sem dúvida que sim! Elas não cuidam de meninos na Índia? Nesse caso, podem fazer como se você fosse um menino indiano. Vou escrever para elas. Vou escrever para Mrs. White. Não. Melhor escrever para Mrs. Jones. Mrs. White tem mais dinheiro, mas é Mrs. Jones quem dá mais. Não é engraçado isto? Uma ou outra o receberá, tenho certeza.

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