sexta-feira, 6 de setembro de 2013

48 - JON


Jon comia bolo de maçã e morcela de café da manhã quando Samwell Tarly se deixou cair no banco.
- Fui chamado ao septo - Sam disse num sussurro excitado. - Vão tirar-me do treino. Vou ser feito irmão com você. Acredita?
- Não! E verdade?
- É verdade. Vou ajudar Meistre Aemon com a biblioteca e as aves. Ele precisa de alguém que saiba ler e escrever cartas.
- Será bom nisso - disse Jon, sorrindo. Sam lançou em volta uma olhadela ansiosa.
- Já está na hora? Não devo me atrasar, eles podem mudar de idéia - mostrou-se bastante vigoroso quando atravessaram o pátio salpicado de capim. O dia estava morno e ensolarado. Regatos escorriam pelos lados da Muralha, e o gelo parecia cintilar.
Dentro do septo, o grande cristal capturava a luz da manhã que jorrava através da janela virada para o sul e a espalhava num arco-íris pelo altar. A boca de Pyp escancarou-se ao ver Sam, e Sapo acotovelou Grenn nas costelas, mas ninguém se atreveu a dizer uma palavra. Septão Celladar fazia oscilar um turíbulo, enchendo o ar de incenso odorífero que fazia lembrar a Jon o pequeno septo da Senhora Stark em Winterfell. Pela primeira vez o septão parecia estar sóbrio.
Os grandes oficiais chegaram em conjunto: Meistre Aemon, apoiado em Clydas, Sor Alliser, com olhos frios e sombrio, o Senhor Comandante Mormont, resplandecente num gibão de lã negra com presilhas de prata em forma de garra de urso. Atrás deles vinham os membros superiores das três ordens: Bowen Marsh, o Senhor Intendente com a sua cara vermelha, o Primeiro Construtor, Othell Yarwyck, e Sor Jaremy Rykker, que comandava os patrulheiros na ausência de Benjen Stark.
Mormont parou em frente do altar, com o arco-íris brilhando sobre a grande calva.
- Chegaram até nós como foras da lei - começou - caçadores furtivos, violadores, devedores, assassinos e ladrões. Chegaram até nós como crianças. Chegaram até nós sós, acorrentados, sem amigos nem honra. Chegaram até nós ricos e chegaram até nós pobres. Alguns ostentam os nomes de Casas orgulhosas. Outros têm apenas nomes de bastardos ou não têm nome algum. Não importa. Tudo isso agora é passado. Na Muralha, somos todos uma Casa. Ao cair da noite, quando o sol se puser e enfrentarmos a noite que se aproxima, farão os seus votos. Desse momento em diante, serão Irmãos Juramentados da Patrulha da Noite. Vossos crimes serão limpos e vossas dívidas, perdoadas. De igual modo, devem também limpar-se de suas antigas lealdades, pôr de lado seus ressentimentos, esquecer igualmente as antigas ofensas e os antigos amores. Aqui começam de novo. Um homem da Patrulha da Noite vive sua vida pelo reino.
Não por um rei, nem por um senhor, nem pela honra desta ou daquela Casa, nem por ouro ou por glória ou pelo amor de uma mulher, mas pelo reino e por todas as pessoas que há nele. Um homem da Patrulha da Noite não toma uma esposa nem gera filhos. Nossa esposa é o dever. Nossa amante é a honra. E vocês são os únicos filhos que algum dia conheceremos. Aprenderam as palavras do voto. E preciso refletir com cuidado antes de dizê-las, pois uma vez envergado o negro, não haverá caminho de volta. O castigo pela deserção é a morte - o Velho Urso fez uma pausa momentânea antes de dizer:
- Existe alguém entre vocês que deseja deixar a nossa companhia? Se sim, vá agora, e ninguém pensará menos de você.
Ninguém se moveu.
- Muito bem - disse Mormont. - Podem fazer seus votos aqui ao cair da noite, perante Septão Celladar e o chefe da sua Ordem. Algum de vocês é fiel aos velhos deuses?
Jon levantou-se.
- Eu sou, senhor.
- Suponho que desejará proferir suas palavras perante uma árvore-coração, como fez seu tio - disse Mormont.
- Sim, senhor - disse Jon. Os deuses do septo não tinham nada a ver com ele; o sangue dos Primeiros Homens corria nas veias dos Stark.
Ouviu Grenn sussurrar atrás dele.
- Não há aqui um bosque sagrado. Ou há? Nunca vi um bosque sagrado.
- Não veria uma manada de auroques até que o pisoteassem contra a neve - Pyp sussurrou em resposta.
- Veria, sim - insistiu Grenn. - Eu os veria a longa distância.
O próprio Mormont confirmou as dúvidas de Grenn.
- Castelo Negro não tem necessidade de um bosque sagrado. Para lá da Muralha, a Floresta Assombrada encontra-se como se encontrava na Idade da Alvorada, muito antes de os ândalos trazerem os Sete através do mar estreito. Encontrará um bosque de represeiros a meia légua deste local, e talvez encontre lá também os seus deuses.
- Senhor - a voz fez Jon olhar para trás, surpreendido. Samwell Tarly estava de pé. O gordo rapaz esfregou as palmas suadas na túnica. - Poderei... poderei ir também? Dizer as minhas palavras junto a essa árvore-coração?
- A Casa Tarly também é fiel dos velhos deuses? - perguntou Mormont.
- Não, senhor - Sam respondeu numa voz fina e nervosa. Jon sabia que os grandes oficiais o assustavam, e o Velho Urso acima de todos. - Recebi o nome à luz dos Sete no septo de Monte Chifre, tal como meu pai, e o pai dele, e todos os Tarly ao longo de mil anos.
- Por que quer abandonar os deuses de seu pai e sua Casa? - quis saber Sor Jaremy Rykker.
- A Patrulha da Noite é agora a minha Casa - Sam respondeu. - Os Sete nunca responderam às minhas preces. Talvez os deuses antigos o façam.
- Como quiser, rapaz - disse Mormont. Sam voltou a se sentar e o mesmo fez Jon. - Colocamos cada um de vocês numa Ordem que mais se adapta às nossas necessidades e aos seus pontos fortes e perícias - Bowen Marsh avançou e entregou-lhe um papel. O Senhor Comandante desenrolou-o e começou a ler. - Halder, para os construtores - começou. Halder fez um aceno rígido de aprovação. - Grenn, para os patrulheiros. Albett, para os construtores. Pypar, para os patrulheiros - Pyp olhou para Jon e sacudiu as orelhas. - Samwell, para os intendentes - Sam descaiu de alívio, limpando a testa com um lenço de seda. - Matthar, para os patrulheiros. Daeron, para os intendentes. Todder, para os patrulheiros. Jon, para os intendentes.
Os intendentes? Por um momento Jon não conseguiu acreditar no que ouvira. Mormont devia ter lido errado. Começou a erguer-se, a abrir a boca, a dizer-lhes que tinha havido um engano... e então viu que Sor Alliser o estudava, com os olhos brilhantes como duas lascas de obsidiana, e compreendeu.
O Velho Urso enrolou o papel.
- Seus chefes irão instruí-los quanto aos seus deveres. Que todos os deuses os protejam, irmãos - o Senhor Comandante concedeu-lhes uma meia reverência e se retirou. Sor Alliser foi com ele, com um tênue sorriso no rosto. Jon nunca vira o mestre de armas com um ar tão feliz.
- Patrulheiros, comigo - gritou Sor Jaremy Rykker depois de eles partirem. Pyp não tirou os olhos de Jon enquanto se pôs lentamente em pé. Tinha as orelhas vermelhas. Grenn, com um largo sorriso, não parecia compreender que havia algo de errado. Matt e Sapo juntaram-se a eles e saíram do septo atrás de Sor Jaremy.
- Construtores - anunciou Othell Yarwyck, com seu queixo em forma de lanterna, Halder e Albett saíram em seu rastro.
Jon olhou em volta com incredulidade nauseada. Os olhos cegos de Meistre Aemon estavam erguidos para a luz que não podia ver. O septão arrumava cristais no altar. Só Sam e Daeron permaneciam nos bancos; um gordo, um cantor.,. e ele.
O Senhor Intendente Bowen Marsh esfregou as mãos roliças.
- Samwell, vai prestar assistência a Meistre Aemon no viveiro dos corvos e na biblioteca. Chett vai para os canis, ajudar com os cães de caça. Deverá ter sua cela, para estar perto do meistre noite e dia. Espero que tome conta dele bem. É muito velho e muito precioso para nós. Daeron, dizem-me que cantou à mesa de muitos grandes senhores e partilhou da sua comida e bebida. Vamos enviá-lo para Atalaialeste. Pode ser que o seu paladar seja útil a Cotter Pyke quando as galés mercantes chegarem para fazer negócio. Estamos pagando demais por carne salgada e peixe de salmoura, e a qualidade do azeite que temos recebido tem sido tenebrosa. Apresente-se a Bóreas quando chegar, ele o manterá ocupado entre navios.
Marsh virou seu sorriso para Jon.
- O Senhor Comandante Mormont requisitou-o como seu intendente pessoal, Jon. Dormirá numa cela sob seus aposentos, na torre do Senhor Comandante.
- E quais serão meus deveres? - perguntou Jon em tom cortante. - Servirei as refeições do Senhor Comandante, o ajudarei a prender suas roupas, irei buscar água quente para seu banho?
- Com certeza - Marsh franziu as sobrancelhas perante o tom de Jon. - E transmitirá suas mensagens, manterá um fogo ardendo em seus aposentos, trocará seus lençóis e cobertores todos os dias e fará tudo o que o Senhor Comandante lhe ordenar,
- Toma-me por um criado?
- Não - disse Meistre Aemon do fundo do septo. Clydas o ajudou a pôr-se em pé. - Toma-mos-o por um homem da Patrulha da Noite... mas talvez nos tivéssemos enganado.
Tudo o que Jon conseguiu fazer foi impedir-se de sair. Esperariam que batesse leite para fazer manteiga e cosesse gibões como uma moça para o resto de seus dias?
- Posso ir? - perguntou rigidamente.
- Como quiser - respondeu Bowen Marsh.
Daeron e Sam saíram com ele. Desceram em silêncio até o pátio. Lá fora, Jon olhou a Muralha que brilhava ao sol, com o gelo que derretia escorrendo pelo flanco numa centena de estreitos dedos. A raiva de Jon era tanta que teria esmagado tudo aquilo num instante, e o mundo que se danasse.
- Jon - disse Samwell Tarly num tom excitado. - Espere. Não percebe o que eles estão fazendo?
Jon virou-se para ele, em fúria.
- Vejo a maldita mão de Sor Alliser, é o que vejo. Quis me envergonhar, e conseguiu. Daeron deu-lhe um olhar carrancudo.
- Ser intendente é bom para gente como você e eu, Sam, mas não para Lorde Snow.
- Sou melhor espadachim e melhor cavaleiro que qualquer um de vocês - exclamou Jon em resposta. - Não é justo!
-Justo? - disse Daeron em tom de escárnio. - A moça estava à minha espera, nua como no dia em que nascera. Puxou-me pela janela, e fala do que é justo? - e afastou-se.
- Não há vergonha em ser um intendente - disse Sam.
- Pensa que quero passar o resto da vida lavando as roupas de baixo de um velho?
- O velho é o Senhor Comandante da Patrulha da Noite - relembrou-lhe Sam. - Estará com ele dia e noite. Sim, servirá seu vinho e verificará se sua roupa de cama está lavada, mas também transportará suas cartas, o ajudará em reuniões, servirá como seu escudeiro em batalha. Estará tão perto dele como uma sombra. Saberá de tudo, fará parte de tudo... e o Senhor Intendente disse que Mormont o pediu pessoalmente. Quando eu era pequeno, meu pai costumava insistir que o ajudasse na sala de audiências sempre que as concedesse. Quando ia a Jardim de Cima dobrar o joelho ao Lorde Tyrell, obrigava-me a ir também. Mas mais tarde começou a levar Dickon e me deixar em casa, e já não se importava se eu estava presente em suas audiências, desde que Dickon lá estivesse. Queria seu herdeiro a seu lado, não vê? Para observar e ouvir, e aprender com aquilo que fazia. Aposto que é por isso que Lorde Mormont te requisitou, Jon. Que outra coisa poderia ser? Quer prepará-lo para o comando!.
Jon foi apanhado de surpresa. Era verdade, Lorde Eddard fizera com frequência com que Robb participasse de seus conselhos em Winterfell. Poderia Sam ter razão? Mesmo um bastardo podia ascender a grande altura na Patrulha da Noite, dizia-se.
- Nunca pedi isto - disse teimosamente.
- Nenhum de nós está aqui por ter pedido - relembrou-lhe Sam. E de súbito Jon Snow sentiu-se envergonhado.
Covarde ou não, Samwell Tarly encontrara a coragem de enfrentar seu destino como um homem. Na Muralha, um homem só obtém aquilo que ganha, dissera Benjen Stark na última noite em que Jon o vira vivo. Não é nenhum patrulheiro. Jon, não passa de um rapaz verde ainda cheirando a verão. Ouvira dizer que os bastardos cresciam mais depressa que as outras crianças; na Muralha, ou se crescia ou se morria. Jon soltou um profundo suspiro.
- Tem razão. Estava agindo como uma criança.
- Então ficará e dirá as suas palavras comigo?
- Os velhos deuses estão à nossa espera - obrigou-se a sorrir. Partiram ao fim da tarde. A Muralha não tinha portões propriamente ditos, nem ali em Castelo Negro nem em ponto algum das suas trezentas milhas. Levaram os cavalos por um túnel estreito cortado no gelo, com paredes frias e escuras apertando-se à volta deles enquanto a passagem se retorcia e curvava. Três vezes viram o caminho bloqueado por grades de ferro, e tiveram que parar enquanto Bowen Marsh pegava as chaves e destrancava as maciças correntes que as seguravam. Jon conseguia sentir o vasto peso que se encontrava sobre sua cabeça enquanto esperava atrás do Senhor Intendente. O ar estava mais frio que uma tumba, e mais parado também. Sentiu um estranho alívio quando voltaram a emergir para a luz da tarde do lado norte da Muralha.
Sam piscou com o súbito clarão e olhou em volta com apreensão.
- Os selvagens... eles não... eles nunca se atreveriam a aproximar-se tanto da Muralha, não?
- Nunca o fizeram - Jon subiu na sela. Depois de Bowen Marsh e sua escolta de patrulheiros terem montado, Jon pôs dois dedos na boca e assobiou. Fantasma saiu aos saltos do túnel.
O cavalo do Senhor Intendente relinchou e afastou-se do lobo selvagem.
- Pretende trazer esse animal?
- Sim, senhor - disse Jon.
A cabeça de Fantasma ergueu-se. Parecia saborear o ar. Num piscar de olhos tinha partido, correndo através do largo campo coberto de ervas daninhas até desaparecer entre as árvores. Uma vez na floresta, encontraram-se num mundo diferente. Jon caçara frequentemente com o pai, Jory e o irmão Robb. Conhecia a Mata de Lobos que rodeava Winterfell tão bem como qualquer outro homem. A floresta assombrada era muito parecida, mas a sensação que projetava era muito diferente.
Talvez tudo estivesse no conhecimento. Tinham cavalgado até depois do fim do mundo; de certa forma, isso mudava tudo. Cada sombra parecia mais escura, cada som, mais agourento. As árvores apertavam-se e afastavam a luz do sol poente. Uma fina crosta de neve fendia-se sob os cascos dos cavalos, com um som que fazia lembrar o quebrar de ossos.
Quando o vento fazia restolhar as folhas, era como se um dedo gelado desenhasse um percurso ao longo da espinha de Jon. A Muralha estava nas suas costas, e só os deuses sabiam o que tinham à frente. O sol afundava-se atrás das árvores quando alcançaram seu destino, uma pequena clareira nas profundezas da floresta, onde nove represeiros cresciam num círculo grosseiro. Jon prendeu a respiração e viu Sam Tarly olhar fixamente.
Mesmo na Mata de Lobos, nunca se viam mais de duas ou três das árvores brancas crescerem juntas; um grupo de nove era inaudito. O chão da floresta encontrava-se atapetado de folhas caídas, vermelhas como sangue no topo, negras de podridão por baixo. Os grandes troncos lisos eram pálidos como ossos, e nove caras olhavam para dentro. A seiva seca que se encrostou nos olhos era vermelha e dura como rubi. Bowen Marsh ordenou-lhes que deixassem os cavalos fora do círculo.
- Este é um lugar sagrado, não o profanaremos.
Quando entraram no bosque, Samwell Tarly virou-se lentamente, olhando para uma das caras de cada vez. Não havia duas iguais.
- Eles nos observam - sussurrou. - Os deuses antigos.
- Sim - Jon ajoelhou, e Sam ajoelhou a seu lado.
Proferiram as palavras em conjunto, enquanto a última luz desaparecia a oeste e o dia cinzento se transformava em noite negra.
- Escutem as minhas palavras e testemunhem os meus votos - recitaram, com as vozes enchendo o bosque penumbroso. - A noite chega, e agora começa a minha vigia. Não terminará até minha morte. Não tomarei esposa, não possuirei terras, não gerarei filhos. Não usarei coroas e não conquistarei glórias. Viverei e morrerei no meu posto. Sou a espada na escuridão. Sou o vigilante nas muralhas. Sou o fogo que arde contra o frio, a luz que traz consigo a alvorada, a trombeta que acorda os que dormem, o escudo que defende os reinos dos homens. Dou a minha vida e a minha honra à Patrulha da Noite, por esta noite e por todas as noites que estão para vir.
A floresta caiu no silêncio.
- Ajoelharam como rapazes - entoou solenemente Bowen Marsh. - Ergueram-se agora como homens da Patrulha da Noite.
Jon estendeu a mão para ajudar Sam a pôr-se de novo em pé. Os patrulheiros aproximaram-se para oferecer sorrisos e parabéns; todos, menos o velho e áspero lenhador Dywen,
- É melhor nos colocarmos a caminho, senhor - disse ele a Bowen Marsh. - A escuridão está caindo e há qualquer coisa no cheiro da noite que não me agrada.
E, de repente, Fantasma estava de volta, caminhando silenciosamente entre dois represeiros. Pelo branco e olhos vermelhos, Jon percebeu, intranquilo. Com o as árvores... O lobo tinha qualquer coisa entre as mandíbulas. Qualquer coisa negra.
- Que tem ele ali? - perguntou Bowen Marsh, franzindo a testa.
- A mim, Fantasma. - Jon ajoelhou. - Traga aqui.
O lobo selvagem trotou até ele. Jon ouviu a brusca inspiração de Samwell Tarly.
- Que os deuses sejam bons - murmurou Dywen. - Isto é uma mão.  

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