segunda-feira, 8 de julho de 2013

POLLYANNA - Capítulo XV - O Doutor Chilton



Na segunda visita que Pollyanna fez à casa de Mr. John Pendleton, tudo parecia ter mudado. As janelas estavam abertas, uma mulher de idade estendia as roupas no pátio de trás e a charrete do médico estava estacionada debaixo do pórtico. Como da primeira vez, Pollyanna entrou pela porta lateral. Desta vez, tocou a campainha, pois não tinha as chaves como da vez anterior.
Um cachorro, já seu conhecido, desceu os degraus para recebê-la com festas, mas demorou um pouco até que a mulher que estendia as roupas viesse abrir a porta.
– Por favor, eu trouxe um pouco de geleia para Mr. Pendleton – sorriu Pollyanna.
– Obrigada – disse a mulher, estendendo a mão para o pote que se encontrava na mão da menina. – Quem devo dizer que o mandou?
Nesse momento, o médico, que tinha entrado no hall de entrada, ouviu as palavras da mulher e notou o desapontamento no rosto de Pollyanna. Aproximou-se.
– Ah! Geleia de mocotó? Isso é muito bom, talvez queira ver o nosso doente?
– Sim, sim! – disse logo Pollyanna. E a mulher, a um sinal de cabeça do médico, abriu passagem com uma expressão de surpresa estampada no rosto. Atrás do médico, um enfermeiro “de uma cidade próxima” exclamou perturbado:
– Mas, Sr. Doutor, Mr. Pendleton não deu ordens para não deixar ninguém entrar?
– Sim – respondeu o médico, indiferente. – Mas agora eu estou dando outra ordem. Eu assumo a responsabilidade. Você não sabe que esta menina é melhor do que meia garrafa de remédio. Se há alguma coisa ou alguém que pode melhorar o humor de Mr. Pendleton, esta tarde, é ela. É por isso que eu a deixei entrar.
– Quem é ela?
Por breves momentos o médico vacilou.
– É a sobrinha de uma das nossas mais conhecidas conterrâneas. Chama-se Pollyanna Whittier. Ainda não conheço muito bem a menina, mas muitos dos meus doentes a conhecem, e são muito agradecidos a ela!
O enfermeiro sorriu.
– Ah, sim. E quais são os ingredientes especiais desse remédio milagroso?
O médico abanou a cabeça.
– Não sei. Só sei que parece tratar-se de uma grande satisfação e de contentamento com tudo o que acontece ou vai acontecer. Estou constantemente ouvindo falar sobre o que ela diz, e pelo que sei, “ficar contente” é um elemento constante. Só gostaria de poder receitá-la como se fosse um vidro de comprimidos. Se bem que, se houvessem muitas como ela no mundo, você e eu teríamos que arranjar outra maneira de ganhar a vida.
Enquanto isso, Pollyanna, de acordo com as instruções do médico, era conduzida ao quarto de John Pendleton. Ao passar pela grande biblioteca, Pollyanna viu que tinha havido grandes mudanças. As paredes forradas de estantes com livros e as cortinas escuras eram as mesmas, mas estava tudo limpo e arrumado, e não havia pó. A lista de telefones estava colocada no lugar certo e os latões de proteção da lareira tinham sido polidos. Uma das misteriosas portas estava aberta e foi através dela que a criada a conduziu. Pouco depois, Pollyanna encontrou-se num quarto suntuosamente mobiliado, enquanto a criada dizia com voz assustada:
– Com licença, senhor. Está aqui uma menina que lhe trouxe geleia O médico disse para ela entrar.
E Pollyanna ficou sozinha com o homem, de aparência muito antipática, deitado de costas na cama.
– Olhe aqui, eu não disse... – começou com uma voz furiosa antes de se virar. – Ah, é você! – interrompeu ele quando Pollyanna avançou em direção à cama.
– Sim, estou tão contente por terem me deixado entrar! No começo, a empregada queria ficar com a geleia e fiquei com medo de não conseguir vê-lo. Mas depois o médico chegou e disse que eu podia entrar. Ainda bem que ele me deixou vir vê-lo.
No rosto do homem os lábios pareceram esboçar um sorriso, mas o que saiu dali foi um “Hum!”

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