quarta-feira, 17 de julho de 2013

POLLYANNA 2 - 23 - Um novo Aladin


Os preparativos de John Pendleton para a partida foram feitos com duas exceções, tornadas em duas cartas. Uma, dirigida a Pollyanna, e outra, a Mrs. Polly Chilton. Foram elas entregues, com instruções rigorosas, a Susan, a sua governanta, que deveria proceder à entrega imediatamente após a partida deles. E tudo isso sem conhecimento de Jimmy.
Ao aproximarem-se de Boston, John Pendleton disse a Jimmy:
- Meu rapaz, tenho de pedir-te um favor, ou melhor, dois. O primeiro, é que não digas nada a Mrs. Carew antes de amanhã à tarde; o outro, é deixares-me ir primeiro ser teu embaixador, contigo a aparecer em cena só depois das quatro horas. Concordas?
- Está bem! - respondeu Jimmy. - Satisfaz-me a ideia, até porque estava a pensar como haveria de quebrar o gelo e, assim, tenho quem o faça por mim.
- Ótimo! Então, agora, vou tentar que a tua tia venha ao telefone, para marcar a visita.
Fiel à promessa, Jimmy não apareceu na mansão dos Carew antes das quatro da tarde do dia seguinte. Mesmo então, sentiu-se tão embaraçado que passou duas vezes diante da casa antes de conseguir a coragem suficiente para subir a escada e tocar à campainha.
Em breve, porém, chegou à presença de Mrs. Carew. Voltara a ser ele próprio, pois ela pô-lo imediatamente à vontade e abordou a situação com muito tato. Ao princípio houve algumas lágrimas e algumas exclamações incoerentes. O próprio John Pendleton teve de lançar apressadamente a mão ao seu lenço. Mas em breve foi restaurada a tranquilidade normal e só o brilho terno dos olhos de Mrs. Carew e a felicidade que se espelhava em Jimmy e John Pendleton marcavam aquela ocasião como algo de incomum.
- Acho que a sua atitude, por causa do Jamie, é tão bonita! - exclamou Mrs. Carew, passado um pouco. - Por razões óbvias, vou continuar a chamar-lhe Jimmy. Além de que também gosto mais desse nome. Acho que está a proceder muito corretamente. Eu própria farei algum sacrifício - continuou ela, com lágrimas nos olhos -, pois teria imenso orgulho em o apresentar ao mundo como meu sobrinho.
- E, tia Ruth, eu... - Jimmy parou imediatamente de falar face a uma exclamação aflita de John Pendleton, denunciadora da presença do Jamie e da Sadie Dean, acabados de entrar.
O Jamie, espantado e pálido, exclamou:
- Tia Ruth! Tia Ruth não quer dizer que.
Os rostos de Mrs. Carew e de Jimmy ficaram sem um pingo de sangue. John Pendleton, porém, avançou elegantemente e disse:
- Sim Jamie, porque não? Eu ia dizer-lhe em breve, mas, assim, digo-lhe já.
Jimmy deu um passo adiante, aflito, mas John Pendleton silenciou-o com um olhar.
- Há pouco, Mrs. Carew fez de mim o homem mais feliz do mundo, ao responder-me afirmativamente a uma pergunta. Portanto, se Jimmy me trata por tio John, porque não há-de tratar Mrs. Carew por tia Ruth?
- Oh! - exclamou Jamie contentíssimo, enquanto Jimmy, sob o olhar firme de John Pendleton, salvou a situação, evitando manifestar a sua surpresa e satisfação.
Naturalmente, Mrs. Carew tornou-se o centro do interesse de todos e o perigo foi ultrapassado. Só Jimmy ouviu John Pendleton segredar-lhe, um pouco depois:
- Então, meu maroto, vês como não te vou perder! Queremos-te ambos!
Ainda se ouviam exclamações e parabéns, quando Jamie, ainda mais satisfeito, se virou para Sadie Dean, dizendo enigmático:
- Sadie, vou dizer-lhes agora!
E a expressão felicíssima de Sadie denunciou desde logo a todos o que se passava, antes, portanto, de Jamie começar a falar. Seguiram-se mais parabéns e exclamações de alegria, abraçando-se todos profusamente.
Jimmy, começou a olhá-los com algum desconsolo.
- Está tudo muito bem, para vocês - queixou-se. - Já se têm uns aos outros, e eu? No entanto, posso dizer-vos que se uma certa jovem aqui estivesse, também teria uma coisa para vos comunicar.
- Espera só um minuto, Jimmy - interpôs-se John Pendleton. - Vamos fazer de conta que eu sou o Aladin e vou esfregar a lâmpada. Mrs. Carew, dá-me licença que chame a Mary?
- Sim, com certeza! - murmurou a senhora, que, tal como os outros, ficara surpreendida.
Momentos depois Mary surgiu à entrada da sala.
- Foi Miss Pollyanna que chegou há momentos? - perguntou John Pendleton.
- Sim, senhor, ela está aqui.
- Importa-se de dizer-lhe que entre, por favor?
- Pollyanna, aqui? - exclamaram todos em coro, quando Mary saiu, e Jimmy virou-se muito pálido e um tanto corado:
- Sim. Mandei-lhe uma nota através da minha governanta, ontem à tarde. Tomei a liberdade de lhe pedir para vir passar alguns dias consigo, Mrs. Carew. Pensei que a jovem precisasse de descansar um pouco e a minha governanta recebeu instruções para permanecer com Mrs. Chilton e tratar dela. Escrevi também uma nota a Mrs. Chilton - acrescentou, virando-se de repente para Jimmy com uma expressão significativa nos olhos. - E pensei que depois de ela ler o que lhe escrevi, deixaria vir Pollyanna. Está visto que deixou mesmo.
E, de fato, Pollyanna aí estava a transpor a porta, corada, de olhos muito abertos, e um tanto tímida e interrogativa.
- Pollyanna, minha querida! - gritou Jimmy, que correu para ela sem hesitar, tomando-a nos braços e beijando-a.
- Oh, Jimmy, assim, diante de toda a gente! protestou Pollyannna embaraçada.
- Nem que fosse no meio da Avenida Whashinton tinha de beijar-te - confessou Jimmy. - Basta olhares ao teu redor.
E Pollyanna olhou e viu. Junto a uma janela, de costas voltadas, estavam Jamie e Sadie Dean. Ao pé de outra janela, também de costas voltadas, estavam Mrs. Carew e John Pendleton.
Pollyanna sorriu tão adoravelmente que Jimmy voltou a beijá-la.
- Oh, Jimmy, como é maravilhoso! - murmura ela docemente. - A tia Polly, agora, já sabe de tudo e está tudo bem. Embora, por mim, estivesse sempre tudo bem. Como ela se estava a sentir tão mal por minha causa! Agora está feliz e eu também Jimmy, estou tão contente, tão CONTENTE com tudo!
Jimmy conteve a respiração com uma alegria que até doía.
- Minha querida, só desejo que te sintas sempre assim - disse ele, estreitando-a com força.
- Tenho a certeza que sim - suspirou Pollyanna com um olhar pleno de confiança.
FIM  

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