segunda-feira, 30 de setembro de 2013

32 - FEDOR


Primeiro ele ouviu as garotas, latindo enquanto corriam para casa. A batida dos cascos ecoando no chão pavimentado com pedra o fez ficar em pé imediatamente, as correntes chocalhando. A que estava entre seus tornozelos não tinha mais do que trinta centímetros, encurtando muito seus passos. Era difícil se mover rapidamente daquele jeito, mas fez o melhor que podia, saltando e tilintando de seu estrado. Ramsay Bolton estava de volta e iria querer seu Fedor disponível para servi-lo.
Lá fora, sob um frio céu outonal, os caçadores entravam pelos portões. Ben Ossos vinha na frente, com as garotas uivando e latindo ao seu redor. Atrás vinham Peleiro, Alyn Azedo e Damon Dance-para-Mim, com seu longo chicote engordurado, e logo depois os Walder cavalgando os potros cinzentos que a Senhora Dustin dera para eles. Sua senhoria cavalgava Sangue, um garanhão vermelho com um temperamento que combinava com o de Ramsay Bolton. Ele estava rindo. Aquilo podia ser muito bom ou muito ruim, Fedor sabia.
As cadelas estavam em cima dele antes que pudesse se dar conta, atraídas pelo seu cheiro. As cadelas gostavam de Fedor; ele frequentemente dormia com elas, e algumas vezes Ben Ossos deixava que ele dividisse o jantar dos animais. A matilha correu pelo chão de pedras latindo, correndo ao redor dele, pulando para lamber seu rosto sujo, beliscando-lhe a perna. Helicent pegou sua mão esquerda entre os dentes e a apertou tão ferozmente que ele ficou com medo de perder mais dois dedos. Jeyne Vermelha saltou em seu peito e o fez cair. Ela era magra e musculosa, enquanto Fedor era pele cinzenta solta e ossos quebradiços, um faminto de cabelos brancos.
Os homens estavam desmontando quando Fedor empurrou Jeyne Vermelha e lutara para ficar de joelhos. Duas dúzias de homens a cavalo haviam partido e duas dúzias retornavam, o que significava que a busca fora um fracasso. Isso era mau. Ramsay não gostava do gosto do fracasso. Ele vai querer machucar alguém.
Ultimamente, seu senhor estava sendo forçado a se conter, pois Vila Acidentada estava cheia de homens cujo apoio a Casa Bolton precisava, e Ramsay sabia ser cuidadoso perto dos Dustin, dos Ryswell e de seus companheiros fidalgotes. Com eles, era sempre cortês e sorridente. Atrás de portas fechadas, era outra coisa.
Ramsay Bolton estava vestido como condizia ao senhor de Hornwood e herdeiro de Forte do Pavor. Seu manto era feito de peles de lobo costuradas e preso contra o frio do outono por um dente amarelado da cabeça do lobo em seu ombro direito. Em um quadril, usava uma cimitarra, com a lâmina tão grossa e pesada quanto um cutelo; no outro, uma adaga comprida e uma pequena faca curva de esfolar, com uma ponta em forma de gancho e as bordas afiadas. Todas as três lâminas tinham punhos de osso amarelo combinando.
- Fedor - sua senhoria chamou do alto da sela de Sangue - você fede. Posso senti-lo do outro lado do pátio.
- Eu sei, meu senhor - Fedor teve que dizer. - Peço perdão.
- Eu lhe trouxe um presente. - Ramsay se virou, procurou atrás de si, puxou algo da sela e arremessou. - Pegue.
Entre a corrente, os grilhões e seus dedos perdidos, Fedor era mais desajeitado do que fora antes de aprender seu nome. A cabeça bateu em suas mãos mutiladas, escapou dos tocos dos dedos e aterrissou em seus pés, cheia de vermes. Achava-se tão incrustada de sangue seco que estava irreconhecível.
- Falei para pegar - disse Ramsay. - Apanhe isso.
Fedor tentou levantar a cabeça pela orelha. Isso não foi bom. A carne estava verde e apodrecida, e a orelha se soltou entre seus dedos. Pequeno Walder riu, e um momento depois todos os outros homens estavam rindo também.
- Oh, deixe isso aí - disse Ramsay. - Apenas cuide do Sangue. Cavalguei duro no bastardo.
- Sim, meu senhor. Cuidarei. - Fedor correu para o cavalo, deixando a cabeça decepada para as cadelas.
- Você cheira a merda de porco hoje, Fedor - disse Ramsay.
- Nele, isso é uma melhoria - disse Damon Dance-para-Mim, sorrindo enquanto enrolava o chicote.
Pequeno Walder pulou da sela.
- Você pode cuidar do meu cavalo também, Fedor. E o do meu priminho.
- Posso cuidar do meu próprio cavalo - disse Grande Walder. Pequeno Walder se tornara o favorito de Lorde Ramsay, e cada dia parecia mais com seu senhor, mas o menor dos Frey era feito de material diferente, e raramente tomava parte nos jogos e nas crueldades do primo.
Fedor não prestou atenção aos escudeiros. Levou Sangue em direção aos estábulos, saltando para o lado quando o garanhão tentou dar-lhe um coice. Os caçadores entraram no salão, todos menos Ben Ossos, que estava xingando as cadelas para que parassem de brigar pela cabeça decepada.
Grande Walder o seguiu até os estábulos, levando sua própria montaria. Fedor deu uma olhada para ele enquanto removia o freio de Sangue.
- Quem era ele? - perguntou suavemente, para que os outros cavalariços não pudessem escutar.
- Ninguém. - Grande Walder puxou a sela de seu cinzento. - Um velho que encontramos na estrada, só isso. Estava pastoreando uma velha cabra e quatro filhotes.
- Sua senhoria o matou pelas cabras?
- Sua senhoria o matou porque o homem o chamou de Lorde Snow. Mas as cabras estavam boas. Nós ordenhamos a mãe e assamos os filhotes.
Lorde Snow. Fedor assentiu, suas correntes tilintando enquanto lutava com as tiras da sela de Sangue. Independente do nome, Ramsay não é um homem para se estar perto quando está irado. Ou quando não está.
- Encontraram seus primos, meu senhor?
- Não. Nunca achei que os encontraríamos. Estão mortos. Lorde Wyman os matou. Isso é o que eu teria feito se fosse ele.
Fedor não disse nada. Algumas coisas não eram seguras de serem ditas, nem mesmo nos estábulos, com sua senhoria no salão. Uma palavra errada poderia custar a ele outro dedo do pé, ou mesmo da mão. Mas não minha língua. Ele nunca arrancará minha língua. Ele gosta de me ouvir suplicar que me poupe da dor. Ele gosta de me fazer dizer isso.
Os homens haviam estado dezesseis dias na caçada, com apenas pão duro e carne salgada para comer, além dos ocasionais filhotes roubados, então naquela noite Lorde Ramsay ordenou que um banquete deveria ser organizado para celebrar seu retorno a Vila Acidentada. Seu anfitrião, um grisalho senhor menor de um braço só, chamado Harwood Stout, sabia que era melhor não negar seu pedido, embora suas despensas devessem estar bem perto de se esvaziar. Fedor ouvira os servos de Stout murmurando sobre como o Bastardo e seus homens estavam comendo todo o estoque de inverno.
- Ele vai se casar com a filhinha de Lorde Eddard, dizem - a cozinheira de Stout reclamou, sem perceber que Fedor estava ouvindo - mas é a gente que ele vai foder quando a neve começar, escrevam minhas palavras.
Mas Lorde Ramsay decretara um banquete, então haveria um banquete. Tábuas e cavaletes foram montados no salão de Stout, um boi foi abatido, e naquela noite, quando o sol se pôs, os caçadores de mãos vazias comeram assados e costelas, pão de cevada e purê de cenouras e ervilhas, e empurraram tudo para baixo com prodigiosas quantidades de cerveja.
Coube ao Pequeno Walder manter a caneca de Lorde Ramsay cheia, enquanto Grande Walder servia os demais na grande mesa. Fedor fora acorrentado ao lado das portas, para que seu cheiro não tirasse o apetite dos convidados. Ele comeria mais tarde, quaisquer que fossem os restos que Lorde Ramsay lhe enviasse. As cadelas desfrutavam os corredores do salão e proporcionavam o melhor entretenimento da noite, até Maude e Jeyne Cinza se atracarem com um dos cães de caça de Lorde Stout por causa de um osso especialmente suculento que Curto Will atirara para eles. Fedor foi o único homem no salão que não assistiu à luta dos três cães. Manteve os olhos em Ramsay Bolton.
A luta não terminou até que o cão do anfitrião estivesse morto. O velho cão de caça de Stout nunca tivera a mínima chance. Eram dois contra um, e as cadelas de Ramsay eram jovens, fortes e selvagens. Ben Ossos, que gostava mais das cadelas do que do seu mestre, contara a Fedor que todas recebiam seus nomes de garotas camponesas que Ramsay havia caçado, estuprado e matado quando ainda era um bastardo, andando com o primeiro Fedor.
- Mas só aquelas que lhe proporcionaram um bom esporte. As que choraram e imploraram e não correram não conseguiram voltar como cadelas. - A próxima ninhada a chegar aos canis de Forte do Pavor incluiria uma Kyra, ele não duvidava. - Ele as treina para matar até lobos - Ben Ossos confidenciara. Fedor não disse nada. Sabia quais lobos as garotas foram feitas para matar, mas não queria assistir às garotas lutando por um dedo seu cortado fora.
Dois servos estavam levando a carcaça do cão morto e uma velha mulher buscara esfregão, rodo e balde para lidar com o junco ensopado de sangue, quando as portas do salão se abriram com uma rajada de vento e uma dúzia de homens em cota de malha cinza e meios-elmos de ferro marcharam para dentro, passando pelos jovens guardas de rosto pálido de Stout, em corseletes de couro e mantos dourados e castanho-avermelhados. Um súbito silêncio tomou conta dos convidados ... todos menos Lorde Ramsay, que jogou fora o osso que estava roendo, limpou a boca na manga, sorriu um sorriso engordurado e úmido e disse:
- Pai.
O Senhor de Forte do Pavor olhou indolentemente para os restos do banquete, para o cão morto, para as cortinas nas paredes, para Fedor em suas correntes e grilhões.
- Fora - disse para os convidados, em uma voz tão suave quanto um murmúrio. - Agora. Todos vocês.
Os homens de Lorde Ramsay se levantaram das mesas, abandonando taças e pratos. Ben Ossos deu um grito para as garotas, e elas o seguiram, com alguns ossos ainda nas mandíbulas. Harwood Stout inclinou-se rigidamente e deixou o salão sem uma palavra.
- Solte as correntes de Fedor e leve-o com você - Ramsay rosnou para Alyn Azedo, mas seu pai acenou com a mão pálida e disse:
- Não, deixe-o.
Até os próprios guardas de Lorde Roose se retiraram, puxando as portas para fechá-las atrás deles. Quando o eco desapareceu, Fedor encontrou-se sozinho no salão com os dois Bolton, pai e filho.
- Você não encontrou nossos Frey perdidos. - O jeito que Roose Bolton disse aquilo era mais uma afirmação do que uma pergunta.
- Cavalgamos até onde Lorde Lampreia afirma que tomaram caminhos separados, mas as garotas não encontraram rastro.
- Você perguntou por eles nas aldeias e estalagens.
- Um desperdício de palavras. Os camponeses devem ser cegos para tudo o que veem. - Ramsay encolheu os ombros. - Isso importa? O mundo não perderá alguns Frey. Há muitos mais lá nas Gêmeas, se tivéssemos necessidade de algum.
Lorde Roose partiu um pequeno pedaço de pão e comeu.
- Hosteen e Aenys estão angustiados.
- Deixe-os procurar se quiserem.
- Lorde Wyman culpa a si mesmo. Para ouvi-lo dizer isso, ele deve ter se apegado especialmente por Rhaegar.
Lorde Ramsay estava ficando indignado. Fedor podia ver em sua boca, na curva daqueles lábios grossos, na maneira como as veias saltavam em seu pescoço.
- Aqueles tolos deveriam ter ficado com Manderly.
Roose Bolton deu de ombros.
- A liteira de Lorde Wyman se mexe a passo de caracol... e é claro que a circunferência e a saúde de sua senhoria não o permitem viajar mais do que umas poucas horas por dia, com frequentes paradas para refeições. Os Frey estavam ansiosos para chegar a Vila Acidentada e se reunir com seus parentes. Pode culpá-los por cavalgarem na frente?
- Se é que fizeram isso. Acredita em Manderly?
Os olhos claros de seu pai brilharam.
- Eu lhe dei essa impressão? Calma. Sua senhoria está muito perturbado.
- Não tão perturbado que não possa comer. Lorde Porco deve ter trazido a metade da comida de Porto Branco com ele.
- Quarenta carroções cheios de coisas de comer. Tonéis de vinho e barris de lampreias frescas, um rebanho de cabras, uma centena de porcos, caixas de caranguejos e ostras, um bacalhau monstruoso ... Lorde Wyman gosta de comer. Você deve ter notado.
- O que notei é que ele não nos trouxe reféns.
- Notei isso também.
- O que pretende fazer sobre isso?
- É um dilema. - Lorde Roose encontrou uma taça vazia, limpou-a na toalha da mesa e encheu-a de um jarro. - Manderly não está sozinho em organizar banquetes, nota-se.
- Deveria ter sido você a organizar o banquete, para celebrar meu retorno - Ramsay reclamou - e deveria ter sido no Solar Acidentado, não nessa latrina de castelo.
- Solar Acidentado e suas cozinhas não estão a minha disposição - seu pai disse suavemente. - Sou apenas um convidado lá. O castelo e a cidade pertencem à Senhora Dustin, e ela não pode sustentá-lo lá.
O rosto de Ramsay ficou sombrio.
- Se eu cortar as tetas dela e der de comer para minhas garotas, ela me sustentará então? Ela me sustentará se eu arrancar a pele dela para fazer um par de botas para mim?
- Improvável. E essas botas sairiam caras. Elas nos custariam Vila Acidentada, a Casa Dustin e os Ryswell. - Roose Bolton sentou-se do outro lado da mesa, de frente para o filho. - Barbrey Dustin é a irmã mais nova da minha segunda esposa, filha de Rodrik Ryswell, irmã de Roger, Rickard e do meu homônimo Roose, prima dos outros Ryswell. Ela gostava do meu falecido filho e suspeita que você tenha alguma coisa a ver com a morte dele. A Senhora Barbrey é uma mulher que sabe nutrir uma mágoa. Seja grato por isso. Vila Acidentada é leal aos Bolton em grande parte porque ela ainda culpa Ned Stark pela morte do marido.
- Leal? - Ramsay fervilhava. - Tudo o que ela faz é cuspir em mim. Chegará o dia em que colocarei fogo em sua preciosa cidade de madeira. Deixe ela cuspir nisso, para ver se apaga as chamas.
Roose fez uma careta, como se a cerveja que estava tomando repentinamente ficasse azeda.
- Tem horas que me pergunto se você é realmente minha semente. Meus antepassados foram muitas coisas, mas nunca tolos. Não, fique quieto agora, já ouvi o suficiente. Parecemos fortes neste momento, sim. Temos amigos poderosos nos Lannister e nos Frey e o apoio relutante de grande parte do Norte... mas imagine o que vai acontecer quando um dos filhos de Ned Stark aparecer?
Os filhos de Ned Stark estão todos mortos, Fedor pensou. Robb foi morto nas Gêmeas, e Bran e Rickon ... nós mergulhamos as cabeças deles em alcatrão ... Sua cabeça latejava. Não queria se lembrar de nada que acontecera antes de saber seu nome. Havia coisas que magoavam demais para lembrar, pensamentos quase tão dolorosos quanto as facas de esfolar de Ramsay...
- Os lobinhos do Stark estão mortos - disse Ramsay, despejando mais cerveja em sua caneca - e permanecerão mortos. Deixe que eles mostrem suas caras feias, e minhas garotas rasgarão os lobos deles em pedaços. Quanto mais cedo aparecerem, mais cedo os matarei de novo.
O Bolton mais velho suspirou.
- De novo? Certamente você se expressou mal. Você nunca assassinou os filhos de Lorde Eddard, aqueles dois doces garotos que amávamos tanto. Foi trabalho de Theon Vira-Casaca, lembra? Quantos dos nossos relutantes amigos você acha que reteríamos se a verdade fosse conhecida? Apenas a Senhora Barbrey, que você transformaria em um par de botas ... botas de má qualidade. A pele humana não é tão resistente quanto couro de vaca e não veste tão bem. Por decreto do rei você é agora um Bolton. Tente agir como um. Histórias são contadas sobre você, Ramsay. Ouço por todos os lados. O povo tem medo de você.
- Isso é bom.
- Você está enganado. Não é bom. Nenhuma história jamais foi contada sobre mim. Acha que eu estaria sentado aqui agora se tivesse sido diferente? Seus divertimentos são seus, não vou censurá-lo por isso, mas você precisa ser mais discreto. Uma terra pacífica, um povo quieto. Essa foi sempre minha regra. Torne-a sua.
- Então foi para isso que você deixou a Senhora Dustin e sua esposa gorda como uma porca? Então veio até aqui para me dizer para ficar quieto?
- Nem um pouco. Há notícias que você precisa ouvir. Lorde Stannis finalmente deixou a Muralha.
Aquilo fez com que Ramsay desse um pulo na cadeira, um sorriso brilhando em seus lábios largos e úmidos.
- Está marchando para Forte do Pavor?
- Não, infelizmente. Arnolf não entende isso. Ele jura que fez tudo o que podia para colocar a isca na armadilha.
- Imagino. Arranhe um Karstark e você encontrará um Stark.
- Depois do arranhão que o Jovem Lobo deu em Lorde Rickard, isso pode ser menos verdade do que antes. Seja como for. Lorde Stannis tomou Bosque Profundo dos homens de ferro e devolveu-o à Casa Glover. Pior, os clãs da montanha se juntaram a ele, Wull, Norrey, Liddle e os demais. Sua força está aumentando.
- A nossa é maior.
- Agora é.
- Agora é a hora de esmagá-lo. Deixe-me marchar para Bosque Profundo.
- Depois que se casar.
Ramsay bateu sua caneca, e restos de cerveja voaram por toda a toalha da mesa.
- Estou cansado de esperar. Temos uma garota, temos uma árvore e temos senhores suficientes como testemunha. Casarei com ela amanhã, plantarei um filho entre suas pernas e marcharei antes que seu sangue de donzela seque.
Ela rezará para você marchar, Fedor pensou, e rezará para que você nunca volte para a cama dela.
- Você plantará um filho nela - Lorde Bolton disse - mas não aqui. Decidi que você deve se casar com a garota em Winterfell.
Aquela perspectiva não pareceu agradar Lorde Ramsay.
- Eu devastei Winterfell, ou se esqueceu disso?
- Não, mas parece que você sim ... os homens de ferro devastaram Winterfell e massacraram o povo. Theon Vira-casaca.
Ramsay deu um olhar desconfiado para Fedor.
- Sim, então foi ele, mas mesmo assim ... um casamento naquela ruína?
- Mesmo arruinado e destruído, Winterfell ainda é a casa da Senhora Arya. Que lugar melhor para casar com ela, levá-la para a cama e fazer valer seus direitos? Mas isso é só metade de tudo. Seríamos tolos em marchar contra Stannis. Vamos deixar Stannis marchar contra nós. Ele é cauteloso demais para vir a Vila Acidentada ... mas deve ir a Winterfell. Os homens dos clãs não abandonarão a filha do seu precioso Ned para alguém como você. Stannis deve marchar ou os perderá... e sendo o comandante cuidadoso que é, convocará todos os seus amigos e aliados quando marchar. Ele convocará Arnolf Karstark.
Ramsay passou a língua sobre os lábios rachados.
- E nós o teremos.
- Se os deuses permitirem. - Roose se levantou. - Você se casará em Winterfell. Devo informar aos senhores que marcharemos em três dias e os convidarei para que nos acompanhem.
- Você é o Protetor do Norte. Ordene.
- Um convite terá o mesmo efeito. O poder tem um gosto melhor quando adoçado com cortesia. É melhor que aprenda isso, se pretende governar um dia. - O Senhor do Forte do Pavor olhou Fedor de relance. - Oh, e solte seu bichinho de estimação. Vou levá-lo.
- Levá-lo? Para onde? Ele é meu. Não pode pegá-lo.
Roose pareceu divertir-se com aquilo.
- Tudo o que você tem fui eu quem deu para você. Faria bem em se lembrar disso, bastardo. Quanto a esse... Fedor... se você não o destruiu além da redenção, pode ser de alguma utilidade para nós. Pegue as chaves e tire essas correntes dele, antes que você faça com que me arrependa do dia em que estuprei sua mãe.
Fedor viu a maneira como a boca de Ramsay se contorceu, a saliva brilhando entre seus lábios. Ficou com medo que pudesse saltar a mesa com a adaga na mão. Em vez disso, enrubesceu, desviou os olhos claros dos olhos claros do pai e foi pegar as chaves. Mas, quando se ajoelhou para soltar os grilhões ao redor dos pulsos e dos tornozelos de Fedor, aproximou-se e sussurrou:
- Não diga nada para ele e se lembre de todas as palavras que ele disser. Terei você de volta, não importa o que aquela puta da Dustin lhe diga. Quem é você?
- Fedor, meu senhor. Seu homem. Sou Fedor, que rima com rancor.
- Rima. Quando meu pai o trouxer de volta, pegarei outro dedo seu. Deixarei que você escolha qual.
Espontaneamente, lágrimas começaram a escorrer por seu rosto.
- Por quê? - gritou, com a voz falhando. - Nunca pedi que ele me levasse de você. Farei o que quiser, vou servir, obedecer, eu ... por favor, não ...
Ramsay lhe deu um tapa no rosto.
- Leve-o - disse para o pai. - Ele nem é mais um homem. O jeito que cheira me enoja.
A lua erguia-se sobre as muralhas de madeira de Vila Acidentada quando foram para fora. Fedor podia ouvir o vento varrendo as planícies onduladas além da cidade. Era menos de dois quilômetros do Solar Acidentado até a modesta fortaleza de Harwood Stout ao lado dos portões orientais. Lorde Bolton lhe ofereceu um cavalo.
- Consegue cavalgar?
- Eu ... meu senhor, eu ... acho que sim.
- Walton, ajude-o a montar.
Mesmo sem os grilhões, Fedor se movia como um velho. Sua carne se pendurava solta em seus ossos, e Alyn Azedo e Ben Ossos haviam dito que ele encolhera. E seu cheiro ... até a égua que trouxeram se afastou quando tentou montá-la.
Mas ela era um cavalo gentil e sabia o caminho para Solar Acidentado. Lorde Bolton andou ao seu lado quando cavalgavam para fora do portão. Os guardas ficaram mais para trás, a uma distância discreta.
- Como quer que o chame? - o senhor perguntou, enquanto trotavam pelas ruas amplas e retas de Vila Acidentada.
Fedor, sou Fedor, rima com terror.
- Fedor - disse - se for do agrado do meu senhor.
- 'nhor. - Os lábios de Bolton se abriram o suficiente para mostrar meio centímetro de seus dentes. Poderia ter sido um sorriso.
Ele não entendeu.
- Meu senhor? Eu disse...
- ... meu senhor, quando deveria ter dito 'nhor. Sua língua trai seu nascimento a cada palavra dita. Se quer soar adequadamente como um camponês, fale como se tivesse lama na boca, ou como se fosse estúpido demais para perceber que são duas palavras, não apenas uma.
- Se agradar meu ... 'nhor.
- Melhor. Seu mau cheiro é muito chocante.
- Sim, 'nhor. Peço perdão, 'nhor.
- Por quê? Seu cheiro é culpa do meu filho, não sua. Estou bem ciente disso. - Passaram por um estábulo e por uma pousada fechada, com um feixe de trigo pintado na placa. Fedor ouviu música através das janelas. - Conheci o primeiro Fedor. Ele fedia, mas não por falta de banho. Nunca conheci criatura mais limpa, verdade seja dita. Ele se banhava três vezes por dia e usava flores nos cabelos como se fosse uma donzela. Uma vez, quando minha segunda esposa ainda era viva, ele foi pego roubando perfume de seu quarto de dormir. Eu o chicoteei por isso, uma dúzia de chibatadas. Até seu sangue cheirava ma. No ano seguinte, ele tentou novamente. Dessa vez, bebeu o perfume e quase morreu por causa disso. Não fez diferença. O cheiro era algo que nasceu com ele. Uma maldição, o povo dizia. Os deuses fizeram com que fedesse para que os homens soubessem que sua alma estava apodrecendo. Meu velho meistre insistia que era sinal de doença, mas o garoto era forte como um jovem touro. Ninguém podia ficar perto dele, então ele dormia com os porcos ... até o dia em que a mãe de Ramsay apareceu em meus portões para exigir que eu providenciasse um servo para meu bastardo, que estava crescendo selvagem e desregrado. Era para ser engraçado, mas ele e Ramsay se tornaram inseparáveis. Mas eu realmente me pergunto ... foi Ramsay quem corrompeu Fedor, ou Fedor corrompeu Ramsay? - Sua senhoria olhou para o novo Fedor com olhos tão claros e estranhos quanto duas luas brancas. - O que ele estava sussurrando enquanto soltava suas correntes?
- Ele ... ele disse ... - Ele disse para não lhe falar nada. As palavras ficaram presas em sua garganta, e ele começou a tossir e a engasgar.
- Respire fundo. Eu sei o que ele disse. Para você me espionar e guardar os segredos dele. - Bolton deu uma risadinha. - Como se ele tivesse segredos. Alyn Azedo, Luton, Peleiro e o resto, de onde ele acha que vieram? Ele realmente acredita que são seus homens?
- Seus homens - Fedor repetiu. Algum comentário era esperado dele, mas ele não sabia o que dizer.
- Meu bastardo já lhe contou como o consegui?
Aquilo ele já sabia, para seu alívio.
- Sim, meu ... 'nhor. Você encontrou a mãe dele enquanto cavalgava e ficou desbaratado por sua beleza.
- Desbaratado? - Bolton riu. - Ele usou essa palavra? Veja, o garoto tem uma alma de cantor... mas se acreditou nessa canção, você pode muito bem ser mais obtuso que o primeiro Fedor. Até a parte da cavalgada está errada. Eu estava caçando uma raposa pelas Águas Chorosas quando acidentalmente cheguei a um moinho e vi uma jovem mulher lavando roupas no riacho. O velho moleiro pegara para si uma nova e jovem esposa, uma garota que não tinha nem metade da idade dele. Ela era alta, uma criatura esguia, de aparência muito saudável. Pernas compridas e pequenos seios firmes, como duas ameixas maduras. Bonita, com um tipo comum de beleza. No momento em que coloquei os olhos nela, eu a quis. Esse foi meu tributo. Os meistres dirão a você que o Rei Jaehaerys aboliu o direito dos senhores da primeira noite para apaziguar sua perversa rainha, mas onde os velhos deuses governam o costume permanece. Os Umber também mantêm a primeira noite, por mais que possam negar. Certos clãs das montanhas também, e em Skagos... bem, apenas as árvores-coração já viram metade do que fazem em Skagos. O casamento do moleiro acontecera sem minha permissão ou conhecimento. O homem me enganara. Então eu o enforquei e reclamei meus direitos embaixo da árvore onde ele se balançava. Verdade seja dita, a camponesa mal valeu a corda. A raposa também escapou, e no caminho de volta para Forte do Pavor, meu corcel favorito começou a mancar, então, no frigir dos ovos, foi um dia funesto. Um ano mais tarde, a mesma camponesa teve o descaramento de aparecer em Forte do Pavor com um monstro de rosto vermelho, aos berros, que afirmava ser meu. Eu teria chicoteado a mãe e jogado o menino em um poço... mas o bebê tinha meus olhos. Ela me contou que quando o irmão de seu falecido marido vira aqueles olhos, a espancara até sangrar e a expulsara do moinho. Aquilo me incomodou, então eu lhe dei o moinho e arranquei a língua do cunhado, para ter certeza de que ele não iria correndo para Winterfell com histórias que poderiam perturbar Lorde Rickard. A cada ano eu mandava para a mulher alguns leitões, galinhas e um saco de dinheiro, no entendimento de que ela nunca diria ao garoto quem era seu pai. Uma terra pacífica, um povo quieto, essa sempre foi minha regra.
- Uma boa regra, 'nhor.
- Mas a mulher me desobedeceu. Você vê o que Ramsay é. Ela o fez, ela e Fedor, sempre sussurrando no ouvido dele sobre seus direitos. Ele deveria ter se contentado em moer milho. Ele realmente acredita que pode governar o Norte algum dia?
- Ele luta por você - Fedor deixou escapar. - Ele é forte.
- Touros são fortes. Ursos. Vi meu bastardo lutar. Ele não é inteiramente culpado. Fedor foi seu tutor, o primeiro Fedor, e Fedor nunca foi treinado em armas. Ramsay é feroz, eu reconheço, mas balança aquela espada como um açougueiro destroçando carne.
- Ele não teme ninguém, 'nhor.
- Deveria. Temor é o que mantém um homem vivo neste mundo de traições e enganos. Mesmo aqui, em Vila Acidentada, os corvos estão circulando, esperando para se banquetear sobre nossos corpos. Os Cerwyn e os Tallhart não são de confiança, meu gordo amigo Lorde Wyman conspira traições, e o Terror-das-Rameiras ... os Umber parecem simples, mas têm uma certa astúcia. Ramsay deveria temer todos eles, assim como eu faço. Da próxima vez que encontrá-lo, lhe diga isso.
- Dizer para ele ... dizer para ele temer? - Fedor se sentia doente só de pensar nisso. - 'Nhor, eu ... se eu fizer isso, ele vai ...
- Eu sei. - Lorde Bolton suspirou. - Seu sangue é mau. Ele precisa de sanguessugas. As sanguessugas sugam o sangue ruim, toda a ira e toda a dor. Nenhum homem pode pensar tão cheio de raiva. Ramsay, contudo... seu sangue contaminado poderia envenenar até as sanguessugas, temo.
- Ele é seu único filho.
- No momento. Tive outro, uma vez. Domeric. Um garoto quieto, mas mais realizado. Serviu quatro anos como pajem da Senhora Dustin, e três no Vale como escudeiro de Lorde Redfort. Tocava harpa, lia histórias e cavalgava como o vento. Cavalos ... o garoto era louco por cavalos, a Senhora Dustin lhe contará. Nem mesmo a filha de Lorde Rickard conseguia derrotá-lo, e aquela uma é meio cavalo. Redfort dizia que ele era uma grande promessa. Um grande combatente em justas deve ser um grande cavaleiro primeiro.
- Sim, 'nhor. Domeric. Eu ... eu já ouvi esse nome...
- Ramsay o matou. Uma doença das entranhas, disse Meistre Uthor, mas eu digo veneno. No Vale, Domeric apreciava a companhia dos filhos de Redfort. Queria um irmão ao seu lado, então cavalgou até as Águas Chorosas para buscar meu bastardo. Eu proibi isso, mas Domeric era um homem crescido e achava que sabia mais do que seu pai. Agora seus ossos descansam sob o Forte do Pavor com os ossos de seus irmãos que morreram ainda no berço, e eu fiquei com Ramsay. Diga-me, meu senhor... se o assassino de parentes é amaldiçoado, o que um pai faz quando um filho assassina o outro?
A questão o assustou. Uma vez ouvira Peleiro dizer que o Bastardo matara seu irmão legítimo, mas nunca ousara acreditar nisso. Ele pode estar errado. Irmãos morrem algumas vezes, e não significa que foram mortos. Meus irmãos morreram, e eu nunca os matei.
- Meu senhor tem uma nova esposa para lhe dar filhos.
- E meu bastardo não vai amar isso? A Senhora Walda é uma Frey e tem um sentimento fértil nela. Eu me tornei estranhamente apaixonado por minha pequena esposa gorda. As duas anteriores nunca fizeram um som na cama, mas essa guincha e estremece. Acho isso bastante cativante. Se ela colocar para fora filhos do mesmo jeito que coloca empadões para dentro, o Forte do Pavor logo estará lotado de Bolton. Ramsay matará todos eles, é claro. O que é até bom. Não viverei o suficiente para ver meus novos filhos chegarem à idade adulta, e senhores meninos são a perdição para qualquer Casa. Walda sofrerá ao vê-los morrer, contudo.
A garganta de Fedor estava seca. Ele podia ouvir o vento batendo nos galhos nus dos olmos que ladeavam a rua.
- Meu senhor, eu ...
- 'Nhor, lembra?
- 'Nhor. Se posso perguntar... por que você me trouxe? Não tenho utilidade para ninguém, nem mesmo sou um homem, estou quebrado e... o cheiro ...
- Um banho e uma muda de roupas farão seu cheiro mais doce.
- Um banho? - Fedor sentiu um nó no estômago. - Eu ... eu prefiro não, 'nhor. Por favor. Eu tenho ... feridas, eu ... e essas roupas, Lorde Ramsay as deu para mim, ele... ele disse que eu nunca devia tirá-las, a menos que ordenasse.
- Você está vestindo trapos - disse Lorde Bolton, pacientemente. - Coisas imundas, rasgadas, manchadas e fedendo a sangue e urina. E finas. Deve estar com frio. Colocaremos você em lã de cordeiro, macia e quente. Talvez um manto forrado. Gostaria disso?
- Não. - Ele não podia deixar que tomassem as roupas que Lorde Ramsay lhe dera. Não podia deixar que eles as tivessem.
- Prefere se vestir em seda e veludo? Houve um tempo em que você adorava isso, eu me lembro.
- Não - ele insistiu, estridente. - Não, eu só quero essas roupas. As roupas do Fedor. Sou Fedor, que rima com pudor. - Seu coração batia como um tambor, e sua voz tornou-se um guincho assustado. - Não quero um banho. Por favor, 'nhor, não tire minhas roupas.
- Vai nos deixar lavá-las pelo menos?
- Não. Não, 'nhor. Por favor. - Ele agarrou sua túnica no peito, com as duas mãos, e se curvou sobre a sela, meio com medo que Roose Bolton ordenasse aos guardas que arrancassem as roupas dele ali mesmo, na rua.
- Como quiser. - Os olhos claros de Bolton pareciam vazios ao luar, como se não houvesse ninguém atrás deles. - Não pretendo machucar você, você sabe. Eu lhe devo muito e ainda mais.
- Deve? - Uma parte dele estava gritando, isso é uma armadilha, ele está jogando com você, o filho é apenas a sombra do pai. Lorde Ramsay brincava com suas esperanças o tempo todo. - O que... o que me deve, 'nhor?
- O Norte. Os Stark estavam acabados e condenados na noite em que você tomou Winterfell. - Acenou com a mão pálida, com desprezo. - Tudo isso são somente disputas pelo espólio.
A curta jornada deles teve fim nas muralhas de madeira de Solar Acidentado. Estandartes estavam pendurados nas torres quadradas, batendo com o vento; o homem esfolado de Forte do Pavor, o machado de batalha dos Cerwyn, os pinheiros dos Tallhart, o tritão dos Manderly, as chaves cruzadas do velho Lorde Locke, o gigante dos Umber, a mão de pedra dos Flint e o alce dos Hornwood. Dos Stout, listras bifurcadas castanho-avermelhadas e douradas; dos Slate, um campo cinza com duas bordas estreitas brancas. Quatro cabeças de cavalo proclamavam os quatro Ryswell dos Regatos; uma cinza, uma negra, uma dourada e uma marrom. A brincadeira era que os Ryswell não conseguiam concordar nem sobre as cores de suas armas. Acima deles, pairava o veado-e-leão do garoto que se sentava no Trono de Ferro, a milhares de quilômetros de distância.
Fedor ouviu as pás de um velho moinho girando enquanto cavalgavam pelo portão principal até um pátio gramado onde cavalariços correram para pegar seus cavalos.
- Por aqui, por favor. - Lorde Bolton o levou até a fortaleza, onde os estandartes eram os do falecido Lorde Dustin e de sua esposa viúva. Os dele mostravam uma coroa espigada sobre machados de cabo longo cruzados; os dela dividiam essas mesmas armas com a cabeça de cavalo dourada de Rodrik Ryswell.
Enquanto subiam a larga fileira de degraus de madeira até o salão, as pernas de Fedor começaram a tremer. Teve que parar para firmá-las e olhou as encostas gramadas do Grande Acidentado. Alguns afirmavam que era o túmulo do Primeiro Rei, que liderara os Primeiros Homens a Westeros. Outros argumentavam que devia ser algum Rei dos Gigantes enterrado ali, por conta de seu tamanho. Alguns poucos diziam que não era nenhum túmulo, apenas uma colina, mas então era uma colina solitária, pois a maior parte das Terras Acidentadas era plana e varrida pelo vento.
Dentro do salão, uma mulher estava ao lado da lareira, aquecendo as mãos finas sobre as brasas de um fogo que se extinguia. Estava vestida toda de negro, da cabeça ao tornozelo, e não usava ouro ou pedras preciosas, mas era bem-nascida, era fácil perceber. Tinha rugas nos cantos da boca e ainda mais ao redor dos olhos, mas ainda era alta, ereta e bonita. Seu cabelo era castanho e cinza em partes iguais, embora o usasse preso atrás da cabeça, em um co que.
- Quem é esse? - ela perguntou. - Onde está o garoto? Seu bastardo se negou a entregá-lo? Esse velho é seu ... oh, deuses sejam bons, o que é esse cheiro? Essa criatura defecou nas calças?
- Ele tem estado com Ramsay. Senhora Barbrey, permita-me apresentar-lhe o legítimo Senhor das Ilhas de Ferro, Theon da Casa Greyjoy.
Não, ele pensou, não, não diga esse nome, Ramsay escutará você, ele saberá, ele saberá, e ele vai me machucar.
A mulher franziu a boca.
- Não é o que eu esperava.
- É o que temos.
- O que seu bastardo fez com ele?
- Removeu alguma pele, imagino. Algumas partes pequenas. Nada muito essencial.
- Ele está louco?
- Pode ser que sim. Isso importa?
Fedor não podia ouvir mais.
- Por favor, 'nhor, 'nhora, há algum engano. - Ele caiu de joelhos, tremendo como uma folha em uma tempestade de inverno, lágrimas escorrendo por seu rosto devastado. - Não sou ele, não sou o vira-casaca, ele morreu em Winterfell. Meu nome é Fedor - ele tinha que lembrar seu nome. - Rima com horror. 

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