quarta-feira, 2 de outubro de 2013

48 - JAIME


O Solar de Corvarbor era velho. Um musgo grosso crescia entre as pedras antigas, subindo como teia de aranha pelas paredes, parecendo veias nas pernas de uma mulher idosa. Duas imensas torres flanqueavam o portão principal do castelo, e outras menores defendiam cada ângulo das muralhas. Todas eram quadradas. Torres circulares ou em meia-lua eram melhores contra catapultas, uma vez que pedras arremessadas podiam ser mais facilmente desviadas em paredes curvas, mas Corvarbor era anterior a esse detalhe particular da sabedoria construtiva.
O castelo dominava o amplo vale fértil que mapas e homens costumavam chamar de Vale do Bosquenegro. Era um vale, sem dúvida, mas nenhum bosque crescia ali havia milhares de anos, fosse ele negro, marrom ou verde. No passado, sim, mas havia muito tempo machados tinham derrubado as árvores. Casas, moinhos e fortes se erguiam onde antes existiam altos carvalhos. O solo era despido e lamacento, pontilhado aqui e ali com montes de neve que derretiam.
Mas dentro das muralhas do castelo, um pouco de floresta ainda permanecia. A Casa Blackwood mantinha os antigos deuses e os venerava como os Primeiros Homens faziam nos dias anteriores à chegada dos ândalos a Westeros. Dizia-se que algumas das árvores do bosque sagrado eram tão velhas quanto as torres quadradas de Corvarbor, especialmente a árvore-coração, um represeiro de tamanho colossal cujos galhos superiores podiam ser vistos a quilômetros de distância, como dedos ossudos arranhando o céu.
Quando Jaime Lannister e sua escolta seguiram pelos montes ondulantes no vale, pouco restava dos campos, fazendas e pomares que outrora circundaram Corvarbor; apenas lama e cinzas, e aqui e ali as cascas enegrecidas de casas e moinhos. Ervas daninhas, espinhos e urtigas cresciam nas terras devastadas, mas nada que pudesse ser chamado de plantação. Para todos os lados que olhasse, Jaime via a mão de seu pai, até mesmo nos ossos que algumas vezes vislumbrava ao lado da estrada. A maioria era de ossos de ovelhas, mas havia de cavalos e de gado, e, de vez em quando, um crânio humano ou um esqueleto sem cabeça com mato brotando pela caixa torácica.
Nenhuma grande tropa cercara Corvarbor como acontecera com Correrrio. Este cerco era uma coisa mais íntima, o último passo em uma dança que ocorria havia séculos. Na melhor das hipóteses, Jonos Bracken tinha quinhentos homens ao redor do castelo. Jaime não viu torres de cerco, nem aríetes ou catapultas. Bracken não pretendia quebrar os portões de Corvarbor, nem atacar suas muralhas altas e grossas. Sem nenhuma perspectiva de rendição à vista, ele se contentava em matar o rival de fome. Sem dúvida, houve incursões e escaramuças no início do cerco, com flechas voando de um lado para o outro; mas meio ano mais tarde, todos estavam cansados demais para tal absurdo. O tédio e a rotina tomaram conta, os inimigos da disciplina.
Já passou o tempo disso acabar, pensou Jaime Lannister. Com Correrrio agora a salvo em mãos Lannister, Corvarbor era o remanescente do curto reinado do Jovem Lobo. Uma vez que se rendesse, seu trabalho no Tridente estaria acabado e ele estaria livre para retornar a Porto Real. Para o rei, disse para si mesmo, mas outra parte dele sussurrou, para Cersei.
Teria que encará-la, supunha. Isso imaginando que o Alto Septão já não a teria condenado à morte quando retornasse à cidade. Venha imediatamente, ela escrevera, na carta que dera para Peck queimar em Correrrio. Ajude-me. Salve-me. Preciso de você agora, como nunca precisei antes. Amo você. Amo você. Amo você. Venha imediatamente. A necessidade dela era bem real, Jaime não duvidava. Quanto ao resto ... ela andou fodendo com Lancel, com Osmund Kettleblack e com o Rapaz Lua, pelo que sei ... Mesmo se tivesse retornado, não tinha esperança de salvá-la. Ela era culpada de cada traição pela qual era acusada, e ele perdera a mão da espada.
Quando a coluna veio trotando pelos campos, as sentinelas os encararam com mais curiosidade do que medo. Nenhum deles soou o alarme, o que serviu bem aos propósitos de Jaime. O pavilhão de Lorde Bracken não foi difícil de encontrar. Era o maior do acampamento e o mais bem situado; montado em uma baixa elevação ao lado de um riacho, permitia uma visão clara dos dois portões de Corvarbor.
A tenda era marrom, como o estandarte que se agitava no mastro central, onde o garanhão vermelho da Casa Bracken erguia-se sobre um brasão dourado. Jaime deu ordem de desmontar e disse aos seus homens que poderiam se misturar se quisessem.
- Não vocês dois - falou para seus porta-estandartes. - Fiquem por perto. Isso não vai demorar muito. - Desceu de Honra e seguiu para a tenda de Bracken, a espada retinindo na bainha.
Os guardas do lado de fora trocaram um olhar ansioso com sua aproximação.
- Meu senhor - disse um deles. - Devemos anunciá-lo?
- Eu mesmo me anunciarei. - Jaime afastou a cortina da tenda com sua mão dourada e curvou-se para entrar.
Eles estavam completamente absortos quando Jaime entrou, tão concentrados no sexo que nenhum dos dois notou sua chegada. A mulher tinha os olhos fechados. Sua mãos agarravam os grossos pelos marrons das costas de Bracken. Engasgava cada vez que ele entrava nela. A cabeça de sua senhoria estava enterrada nos seios dela, suas mãos fechadas em torno de seus quadris. Jaime limpou a garganta.
- Lorde Jonos.
Os olhos da mulher se abriram e ela deu um grito assustado. Jonos Bracken rolou de cima dela, agarrou sua bainha e veio com aço nu na mão, amaldiçoando.
- Pelos sete malditos infernos - começou - quem ousa ... - Então viu o manto branco e a placa peitoral dourada de Jaime. A ponta de sua espada se abaixou. - Lannister?
- Sinto muito incomodá-lo em seu prazer, meu senhor - disse Jaime, com um meio-sorriso - mas tenho alguma pressa. Podemos conversar?
- Conversar. Sim. - Lorde Jonos embainhou a espada. Não era tão alto quanto Jaime, mas era mais pesado, com ombros largos e braços que teriam feito inveja a um ferreiro. Uma barba castanha por fazer cobria-lhe as bochechas e o queixo. Os olhos eram castanhos também, a raiva neles mal escondida. - Pegou-me desprevenido, meu senhor. Não fui informado de sua vinda.
- E parece que atrapalhei vocês. - Jaime sorriu para a mulher na cama. Ela tinha uma mão sobre o seio esquerdo e outra entre as pernas, o que deixava seu seio direito exposto. Seus mamilos eram mais escuros do que os de Cersei e três vezes maiores. Quando sentiu o olhar de Jaime, ela cobriu o mamilo direito, o que revelou seu monte. - Todas as seguidoras de acampamento são tão modestas? - ele quis saber. - Se um homem quer vender seus nabos, precisa deixá-los à mostra.
- Você está olhando meus nabos desde que entrou aqui, sor. - A mulher encontrou o lençol e o puxou o suficiente para cobrir-se da cintura para cima, então ergueu uma mão para empurrar o cabelo dos olhos. - E eles não estão à venda.
Jaime deu de ombros.
- Minhas desculpas se a confundi com algo que não é. Meu pequeno irmão conheceu centenas de prostitutas, mas eu só me deitei com uma.
- Ela é um prêmio de guerra. - Bracken pegou seu calção do chão e o sacudiu. - Pertencia a uma das espadas juramentadas de Blackwood até que cortei a cabeça dele ao meio. Abaixe as mãos, mulher. Meu senhor de Lannister quer dar uma boa olhada nessas suas tetas.
Jaime ignorou aquilo.
- Está colocando esse calção do avesso, meu senhor - disse para Bracken. Enquanto Jonos xingava, a mulher saiu da cama para pegar suas roupas, os dedos passeando nervosamente entre os seios e o meio das pernas enquanto se abaixava, se virava e alcançava as peças. Seus esforços para se esconder eram estranhamente provocantes, muito mais do que se simplesmente tivesse assumido sua nudez. - Você tem um nome, mulher? - perguntou para ela.
- Minha mãe me chamou de Hildy, sor. - Ela puxou um vestido sujo sobre a cabeça e agitou os cabelos. Seu rosto estava quase tão sujo quanto seus pés e ela tinha cabelo suficiente entre as pernas para passar por irmã de Bracken, mas ainda assim havia algo de atraente nela. Aquele nariz achatado, a cabeleira desgrenhada ... ou o jeito como fez uma pequena reverência depois de tropeçar na saia. - Viu meu outro sapato, 'nhor?
A pergunta pareceu aborrecer Lorde Bracken.
- Por acaso sou uma maldita aia para buscar seus sapatos? Vá descalça se precisar. Apenas vá.
- Isso significa que meu senhor não vai me levar para casa com ele, para rezar com sua esposinha? - Rindo, Hildy deu um olhar desavergonhado para Jaime. - Você tem uma esposinha, sor?
Não, tenho uma irmã.
- De que cor é meu manto?
- Branco - ela respondeu - mas sua mão é de ouro maciço. Gosto disso em um homem. E o que você gosta em uma mulher, 'nhor?
- Inocência.
- Em uma mulher, eu perguntei. Não em uma filha.
Ele pensou em Myrcella. Terei que contar para ela também. Os dornenses poderiam não gostar disso. Doran Martell aceitara o noivado dela com seu filho acreditando que a menina era sangue de Robert. Nós e emaranhados, Jaime pensou, desejando poder cortar todos eles com um golpe de sua espada.
- Fiz um voto - disse para Hildy, cansado.
- Nenhum nabo para você, então - a garota falou descaradamente.
- Vá! - Lorde Jonos rugiu para ela.
Ela se foi. Mas quando passou por Jaime, carregando um sapato e a pilha de roupas, abaixou a mão e deu um apertão em seu pau, pelo calção.
- Hildy - ela o recordou, antes de disparar semi vestida da tenda.
Hildy, Jaime ponderou.
- E como vai a senhora sua esposa? - perguntou para Lorde Jonos quando a garota se foi.
- Como vou saber? Pergunte ao septão dela. Quando Lorde Tywin queimou nosso castelo, ela decidiu que os deuses estavam nos punindo. Agora, tudo o que faz é rezar. - Jonos havia finalmente conseguido vestir os calções corretamente e estava amarrando-os na frente. - O que o traz aqui, meu senhor? O Peixe Negro? Soubemos como ele escapou.
- Soube? - Jaime sentou-se em um banco de acampamento. - Pelo próprio homem, por acaso?
- Sor Brynden é esperto demais para vir correndo até mim. Gosto do homem, não vou negar isso. Mas isso não me impediria de colocá-lo em correntes se ele mostrasse seu rosto perto de mim ou dos meus. Ele sabe que me ajoelhei. Devia ter feito o mesmo, mas sempre foi um obstinado. O irmão dele poderia ter lhe contado isso.
- Tytos Blackwood não se ajoelhou - Jaime observou. - O Peixe Negro pode buscar refúgio em Corvarbor?
- Pode buscar, mas para encontrar precisaria passar por minhas linhas de cerco, e, pelo que ouvi, ele ainda não tem asas. Tytos precisará de refúgio para si mesmo em pouco tempo. Estão perdendo para ratos e raízes lá. Ele vai se render antes da próxima lua cheia.
- Ele vai se render antes do pôr do sol. Pretendo oferecer-lhe um acordo e aceitá-lo de volta para a paz do rei.
- Sei. - Lorde Jonos se encolheu em uma túnica de lã marrom com o garanhão vermelho dos Bracken bordado na frente. - Meu senhor gostaria de um corno de cerveja?
- Não, mas não passe vontade por minha causa.
Bracken encheu um corno para si mesmo, bebeu metade e enxugou a boca.
- Você falou em acordo. Que tipo de acordo?
- O tipo usual. Lorde Blackwood terá que confessar sua traição e abjurar sua aliança com os Stark e os Tully. Jurará solenemente diante dos deuses e dos homens que, a partir de agora, será um vassalo leal de Harrenhal e do Trono de Ferro, e eu o perdoarei em nome do rei. Tomaremos um pote ou dois de ouro, é claro. O preço da rebelião. Exigirei um refém também, para garantir que Corvarbor não se levantará novamente.
- A filha dele - sugeriu Bracken. - Blackwood tem seis filhos, mas somente uma filha. Ele a adora. Uma criaturinha remelenta, com não mais do que sete anos.
- Jovem, mas deve servir.
Lorde Jonos tomou o último gole de cerveja e jogou o corno de lado.
- E as terras e os castelos que nos prometeram?
- Que terras eram essas?
- O banco ocidental do Charco da Viúva, da Serra da Besta até a Campina Sulcada, e todas as ilhas no riacho. O Moinho Moimilho e o Moinho do Senhor, as ruínas do Solar Lamacento, o Encanto, o Vale da Batalha, Forjavelha, as vilas de Fivela, Fivelanegra, Marcos, Lagoa de Barro, e a cidade mercantil de Cova de Lama. Matadevespa, Bosque de Lorgen e as Tetas de Barba. Tetas de Missy, os Blackwood as chamam, mas eram de Barba antes. Melarbor e todas as colmeias. Aqui, eu marquei tudo, se meu senhor quiser dar uma olhada. - Foi até a mesa e lhe apresentou um mapa em um pergaminho.
Jaime o pegou com a mão boa, mas teve que usar a de ouro para desenrolá-lo e segurá-lo aberto.
- Isso é um bocado de terras - observou. - Você aumentará seus domínios em um quarto.
A boca de Bracken se contorceu teimosamente.
- Todas essas terras pertenciam à Barreira de Pedra no passado. Os Blackwood as roubaram de nós.
- E esta vila aqui, entre as Tetas? - Jaime bateu no mapa com uma junta do dedo dourado.
- Centarbor. Era nossa também, mas tem sido um feudo real por centenas de anos. Deixe assim. Pedimos apenas as terras roubadas pelos Blackwood. O senhor seu pai prometeu nos devolvê-las se subjugássemos Lorde Tytos para ele.
- Mesmo assim, quando eu estava cavalgando para cá, vi estandartes dos Tully desfraldados nas muralhas do castelo, assim como o lobo gigante dos Stark. Isso pode sugerir que Lorde Tytos não foi subjugado.
- Expulsamos ele e os seus do campo de batalha e os fizemos ficar dentro de Corvarbor. Dê-me homens suficientes para atacar suas muralhas, meu senhor, e eu os enviarei para os túmulos.
- Se eu lhe desse homens suficientes, eles o subjugariam, não você. Neste caso, deveria eu mesmo ficar com a recompensa. - Jaime deixou o mapa se enrolar novamente. - Ficarei com isto, se puder.
- O mapa é seu. As terras são nossas. Dizem que um Lannister sempre paga suas dívidas. Lutamos por vocês.
- Nem a metade do que lutaram contra nós.
- O rei nos perdoou por isso. Perdi meu sobrinho para suas espadas, e meu filho natural. Sua Montanha roubou minha colheita e queimou tudo o que não pôde carregar. Queimou meu castelo e estuprou uma das minhas filhas. Eu serei recompensado.
- Montanha morreu, assim como meu pai - Jaime contou para ele - e alguns podiam dizer que sua cabeça era recompensa suficiente. Você se declarou pelo Stark, e manteve a fé nele até que Lorde Walder o matasse.
- Assassinou-o, e uma dúzia de bons homens do meu próprio sangue. - Lorde Jonos virou a cabeça e cuspiu. - Sim, eu tive fé no Jovem Lobo. Assim como terei fé em você enquanto me tratar com justiça. Eu dobrei o joelho porque não vi razão em morrer por morrer, nem em derramar sangue Bracken por uma causa perdida.
- Um homem prudente. - Embora alguns possam dizer que Lorde Blackwood tem sido mais honrado. - Você terá suas terras. Ou parte delas, ao menos. Já que você subjugou os Blackwood apenas em parte.
Aquilo pareceu satisfazer Lorde Jonos.
- Ficaremos contentes com qualquer parte que meu senhor julgar justa. Mas, se posso lhe dar um conselho, não é uma boa coisa ser muito gentil com esses Blackwood. A traição corre no sangue deles. Antes que os ândalos chegassem a Westeros, a Casa Bracken governava este rio. Éramos reis, e os Blackwood eram nossos vassalos, mas eles nos traíram e usurparam a coroa. Todo BIackwood nasce um vira-casaca. Seria bom que se lembrasse disso quando fosse fazer o acordo.
- Oh, eu me lembrarei - Jaime prometeu.
Quando cavalgou do acampamento de cerco de Bracken até os portões de Corvarbor, Peck foi na frente com um estandarte da paz. Antes que chegassem ao castelo, vinte pares de olhos os observavam do parapeito da guarita. Jaime levou Honra até uma paragem na beira do fosso, uma vala profunda cheia de pedras, suas águas verdes cheias de espuma. Estava prestes a ordenar que Sor Kennos tocasse o Berrante de Herrock quando a ponte levadiça começou a descer.
Lorde Tytos Blackwood o encontrou na ala externa, montado em um corcel de batalha tão magro quanto ele. Muito alto e muito esguio, o Senhor de Corvarbor tinha nariz adunco, cabelos longos e uma barba irregular negra e branca que exibia mais branco do que negro. Incrustada em prata na placa peitoral de sua reluzente armadura escarlate estava uma árvore branca, nua e morta, cercada por um bando de corvos em ônix levantando voo. Um manto de penas de corvos pendia de seus ombros.
- Lorde Tytos - falou Jaime.
- Sor.
- Obrigado por me permitir entrar.
- Não direi que é bem-vindo. Nem negarei que esperava que viesse. Você está aqui por minha espada.
- Estou aqui para colocar um fim nisso. Seus homens lutaram bravamente, mas sua guerra é perdida. Está preparado para se render?
- Para o rei. Não para Jonos Bracken.
- Entendo.
Blackwood hesitou por um momento.
- Deseja que eu desmonte e me ajoelhe diante de você aqui e agora?
Uma centena de olhos estava sobre eles.
- O vento está frio e o pátio enlameado - disse Jaime. - Você pode se ajoelhar no carpete de seu aposento particular, uma vez que concordemos com os termos da rendição.
- Muito cavalheiresco da sua parte - respondeu Lorde Tytos. - Venha, sor. Meu salão pode ter falta de comida, mas nunca de cortesia.
O aposento particular de Blackwood era no segundo andar de uma cavernosa torre de madeira. Havia uma fogueira queimando na lareira quando entraram. A sala era grande e arejada, com grandes vigas de carvalho escuro sustentando o teto alto. Tapeçarias de lã cobriam as paredes, e um par de amplas portas de treliça davam para o bosque sagrado. Apesar dos grossos painéis de vidro em forma de diamante, Jaime vislumbrou os membros retorcidos da árvore da qual o castelo tirava seu nome. Era um represeiro antigo e colossal, dez vezes o tamanho do que havia no Jardim de Pedra em Rochedo Casterly. Mas aquela árvore estava nua e morta.
- Os Bracken a envenenaram - contou seu anfitrião. - Por mil anos não mostrou nem uma folha. Quando se passarem mais mil anos, ela se transformará em pedra, os meistres dizem. Represeiros não apodrecem.
- E os corvos? - perguntou Jaime. - Onde estão?
- Eles vêm ao entardecer e ficam empoleirados a noite toda. Centenas deles. Cobrem a árvore como folhas negras, cada galho e cada ramo. Eles têm vindo por milhares de anos. Como ou por que ninguém sabe dizer, mesmo assim a árvore os chama todas as noites. - Blackwood sentou-se em uma cadeira de encosto alto. - Por uma questão de honra, devo perguntar sobre meu senhor suserano.
- Sor Edmure está a caminho de Rochedo Casterly, como meu cativo. Sua esposa ficará nas Gêmeas até que o filho deles nasça. Então, ela e o bebê se juntarão a ele. Enquanto não tentar fugir ou planejar rebeliões, Edmure terá uma longa vida.
- Longa e amarga. Uma vida sem honra. Até o dia de sua morte, os homens dirão que ele ficou com medo de lutar.
Injustamente, Jaime pensou. Era por seu filho que temia. Ele sabia de quem eu sou filho, melhor do que minha própria tia.
- A escolha foi dele. Seu tio nos teria feito sangrar.
- Concordamos nisso. - A voz; de Blackwood não demonstrava nada. - O que você fez com Sor Brynden, se posso perguntar?
- Ofereci que tomasse o negro. Em vez; disso, ele fugiu. - Jaime sorriu. - Você estaria com ele aqui, por acaso?
-Não.
- Me contaria se estivesse?
Foi a vez de Tytos Blackwood sorrir.
Jaime juntou as mãos, os dedos dourados dentro dos de carne.
- Talvez; seja hora de conversarmos sobre os termos.
- É agora que eu fico de joelhos.
- Se for do seu agrado. Ou podemos dizer que você ficou.
Lorde Blackwood permaneceu sentado. Em pouco tempo chegaram a um acordo sobre a maior parte dos pontos: confissão, fidelidade, perdão, uma certa quantia de ouro e prata a ser paga.
- Que terras você exige? - Lorde Tytos perguntou. Quando Jaime lhe deu o mapa, ele deu uma olhada e riu. - Claro. O vira-casaca precisa ter sua recompensa.
- Sim, mas uma menor do que ele imagina, por um serviço menor. Quais dessas terras você concorda em dar?
Lorde Tytos considerou por um momento.
- Cercaviva, Serra da Besta e Fivelas.
- Uma ruína, uma serra e uns poucos casebres? Vamos, meu senhor. Você deve sofrer por sua traição. Ele vai querer pelo menos um dos moinhos. - Moinhos eram uma fonte valiosa de impostos. O senhor recebia um décimo de todo o grão que plantavam.
- Moinho do Senhor, então. Moimilho é nosso.
- E outra vila. Marcos?
- Tenho ancestrais enterrados sob as pedras de Marcos. - Ele olhou o mapa novamente. - Dê-lhe Melarbor e suas colmeias. Todo aquele doce o deixará gordo e fará seus dentes apodrecerem.
- Feito, então. Mas ainda tem uma última coisa.
- Um refém.
- Sim, meu senhor. Você tem uma filha, creio.
- Bethany. - Lorde Tytos parecia chocado. - Também tenho dois irmãos e uma irmã. Duas tias viúvas. Sobrinhas, sobrinhos, primos. Pensei que poderia concordar em ...
- Precisa ser um filho do seu sangue.
- Bethany tem apenas oito anos. Uma garota gentil, cheia de risos. Nunca esteve a mais de um dia de cavalgada do meu salão.
- Por que não deixá-la ver Porto Real? Sua Graça é quase da idade dela. Ele ficaria satisfeito em ter outra amiga.
- Uma amiga que possa enforcar se o pai dela o desagradar? - perguntou Lorde Tytos. - Tenho quatro filhos. Consideraria levar um deles no lugar dela? Ben tem doze e está sedento por aventuras. Ele poderia ser seu escudeiro, se for do seu agrado.
- Tenho tantos escudeiros que não sei o que fazer com eles. Cada vez que mijo, eles disputam pelo direito de segurar meu pau. E você tem seis filhos, meu senhor, não quatro.
- Já tive. Robert era meu mais jovem e nunca foi forte. Morreu há nove dias, de uma frouxidão nos intestinos. Lucas foi assassinado no Casamento Vermelho. A quarta esposa de Walder Frey era uma Blackwood, mas parentesco não importa mais do que direitos de hóspedes nas Gêmeas. Eu gostaria de enterrar Lucas sob a árvore, mas os Frey ainda não acharam por bem devolver os ossos dele para mim.
- Farei com que devolvam. Lucas era seu filho mais velho?
- Meu segundo. Brynden é meu mais velho e meu herdeiro. Depois vem Hoster. Um menino dado à leitura, temo.
- Temos livros em Porto Real também. Recordo-me de meu irmãozinho lendo-os de tempos em tempos. Talvez seu filho goste de dar uma olhada neles. Aceitarei Hoster como nosso refém.
O alívio de Blackwood era palpável.
- Obrigado, meu senhor. - Hesitou por um momento. - Se posso ousar, você faria bem em exigir um refém de Lorde Jonos também. Uma de suas filhas. Apesar de toda a sua fornicação, ele não se mostrou homem suficiente para gerar filhos homens.
- Ele tinha um filho bastardo, morto na guerra.
- Tinha? Harry era um bastardo, é verdade, mas se Jonos o gerou é uma questão mais espinhosa. Era um rapaz de cabelos louros e formoso. Jonos não é nenhum dos dois. - Lorde Tytos se levantou. - Você me dará a honra de cear comigo?
- Em algum outro momento, meu senhor. - O castelo estava faminto; não traria nenhum benefício se Jaime roubasse comida de suas bocas. - Não posso me demorar. Correrio me espera.
- Correrrio? Ou Porto Real?
-Ambos.
Lorde Tytos não tentou dissuadi-lo.
- Hoster pode estar pronto para partir em uma hora.
E estava. O garoto encontrou-se com Jaime nos estábulos, com um saco de dormir jogado sobre um ombro e um maço de pergaminhos embaixo do braço. Não tinha mais do que dezesseis anos, mas já era mais alto que seu pai, quase dois metros de pernas, canelas e cotovelos, um rapaz desengonçado e desajeitado, com um topete.
- Senhor Comandante. Sou seu refém, Hoster. Hos, eles me chamam. - O rapaz sorriu.
Será que ele pensa que isto é uma brincadeira?
- Por favor, quem são eles?
- Meus amigos. Meus irmãos.
- Não sou seu amigo, nem seu irmão. - Aquilo tirou o sorriso do rosto do garoto. Jaime se virou para Lorde Tytos. - Meu senhor, não vamos ter mal-entendidos aqui. Lorde Beric Dondarrion, Thoros de Myr, Sandor Clegane, Brynden Tully, esta mulher, Coração de Pedra ... todos esses são fora da lei e rebeldes, inimigos do rei e de todos os seus leais súditos. Se eu ouvir que você ou os seus os estão escondendo, protegendo ou ajudando de alguma maneira, não hesitarei em enviar a cabeça do seu filho para você. Espero que entenda isso. Entenda isso também: não sou Ryman Frey.
- Não. - Todo traço de calor deixara a boca de Lorde Blackwood. - Sei com quem estou lidando. Regicida.
- Bom. - Jaime montou e virou Honra na direção do portão. - Espero que tenha uma boa colheita e alegrias com a paz do rei.
Não cavalgou até muito longe. Lorde Jonos Bracken esperava por ele do lado de fora de Corvarbor, logo atrás do alcance de um bom besteiro. Estava montado em um corcel de guerra blindado e vestia armadura e cota de malha, e um grande elmo de aço cinza com uma cauda de crina de cavalo.
- Vi que tiraram o estandarte do lobo gigante - disse, quando Jaime o alcançou. - Está feito?
- Feito e acabado. Vá para casa e plante seus campos.
Lorde Bracken ergueu sua viseira.
- Acredito que tenho mais campos para plantar do que quando você entrou no castelo. - Fivela, Cercaviva, Melarbor e todas as suas colmeias. - Estava esquecendo um. - Oh, e Serra da Besta.
- Um moinho - disse Bracken. - Tenho que ter um moinho.
- Moinho do Senhor.
Lorde Jonos bufou.
- Sim, isso vai servir. Por enquanto. - Apontou para Hoster Blackwood, que vinha logo atrás, com Peck. - Foi esse aí que ele lhe deu como refém? Você foi enganado, sor. Um fracote, esse aí. Água no lugar de sangue. Não importa quão alto seja, qualquer uma das minhas meninas pode quebrá-lo como um galho podre.
- Quantas filhas você tem, meu senhor? - Jaime lhe perguntou.
- Cinco. Duas da minha primeira esposa e três da minha terceira. - Tarde demais, ele pareceu perceber que falara além da conta.
- Envie uma delas para a corte. Ela terá o privilégio de servir a Rainha Regente.
O rosto de Bracken escureceu quando percebeu a importância daquelas palavras.
- É assim que paga a amizade de Barreira de Pedra?
- É uma grande honra servir à rainha - Jaime recordou à sua senhoria. - Você pode impressioná-la com isso. Esperaremos a garota antes que o ano acabe. - Sem aguardar uma resposta de Lorde Bracken, tocou Honra levemente com as esporas douradas e saiu trotando. Seus homens entraram em formação atrás dele e o seguiram, estandartes tremulando. Logo castelo e acampamento haviam sumido, em meio à poeira dos cascos.
Nem os fora da lei nem os lobos os tinham incomodado durante a ida para Corvarbor, então Jaime decidiu voltar por uma rota distinta. Se os deuses fossem bons, podia topar com o Peixe Negro, ou atrair Beric Dondarrion para um ataque imprudente.
Seguiam pelo Charco da Viúva quando o dia chegou ao fim. Jaime chamou seu refém para a frente e perguntou-lhe onde podiam encontrar o vau mais próximo, e o garoto os levou até lá. Enquanto a coluna atravessava as águas rasas, o sol se punha atrás de um par de colinas verdejantes.
- As Tetas - disse Hoster Blackwood.
Jaime se lembrou do mapa de Lorde Bracken.
- Há uma vila entre essas colinas.
- Centarbor - o rapaz confirmou.
- Acamparemos ali esta noite. - Se tivessem moradores por lá, eles podiam saber alguma coisa sobre Sor Brynden ou sobre os fora da lei. - Lorde Jonos fez algum comentário sobre de quem eram essas tetas - disse para o garoto Blackwood, enquanto cavalgavam em direção às colinas que escureciam e à última luz do dia. - Os Bracken a chamam por um nome e os Blackwood por outro.
- Sim, meu senhor. Por um século, ou quase isso. Antes, eram conhecidas como as Tetas da Mãe, ou apenas as Tetas. São duas colinas, e elas lembram ...
- Posso ver o que elas lembram. - Jaime se pegou pensando na mulher na tenda e na maneira como ela tentou esconder seus grandes e escuros mamilos. - O que mudou há um século?
- Aegon, o Indigno, tomou Barba Bracken como amante - o garoto estudioso respondeu. - Ela era uma moça de seios grandes, dizem, e um dia, quando estava visitando Barreira de Pedra, o rei saiu para caçar, viu as Tetas e...
- ... deu o nome de sua amante para elas. - Aegon, o Quarto, morrera muito antes de Jaime nascer, mas ele se lembrava o suficiente da história de seu reinado para adivinhar o que aconteceu na sequência. - Só que mais tarde ele deixou a garota Bracken de lado e pegou uma Blackwood, foi isso?
- A Senhora Melissa - Hoster confirmou. - Missy, era chamada. Há uma estátua dela no nosso bosque sagrado. Ela era muito mais bonita do que Barba Bracken, mas delgada, e Barba começou a dizer que Missy era reta como um rapaz. Quando o Rei Aegon ouviu isso, ele...
- ... deu para ela as tetas de Barba. - Jaime riu. - Como tudo isso começou, entre Blackwood e Bracken? Há algo escrito?
- Há, sim, meu senhor - o rapaz disse - mas algumas das histórias foram escritas pelos meistres deles e algumas pelos nossos, séculos depois dos eventos que se propõem a contar. A história remonta à Era dos Heróis. Os Blackwood eram reis naqueles dias. Os Bracken eram senhores menores, renomados por criarem cavalos. Em vez de pagar ao seu rei o que lhe era devido, usaram o ouro que seus cavalos traziam para contratar espadas e derrubar o monarca.
- Quando tudo isso aconteceu?
- Quinhentos anos antes dos ândalos. Mil, se acreditarmos na História Verdadeira. Só que ninguém sabe quando os ândalos cruzaram o mar estreito. A História Verdadeira diz que quatro mil anos se passaram desde este fato, mas alguns meistres afirmam que foram apenas dois mil. Depois de certo ponto, todas as datas ficam obscuras e confusas, e a claridade da história se transforma na névoa da lenda.
Tyrion gostaria deste aí. Poderiam conversar do anoitecer ao amanhecer, discutindo sobre livros. Por um momento, sua amargura em relação ao irmão foi esquecida, até que ele se lembrou do que o Duende fizera.
- Então vocês estão lutando sobre uma coroa que um tomou do outro quando os Casterly ainda tinham Rochedo Casterly, essa é a raiz de tudo isso? A coroa de um reino que não existe há milhares de anos? - Ele riu. - Tantos anos, tantas guerras, tantos reis ... é de se imaginar que alguém tivesse feito a paz.
- Alguém fez, meu senhor. Muitos alguéns. Tivemos centenas de pazes com os Bracken, muitas seladas com matrimônios. Há sangue Blackwood em todo Bracken, e sangue Bracken em todo Blackwood. A Paz do Velho Rei durou meio século. Mas quando alguma nova disputa começa, as velhas feridas se abrem e começam a sangrar novamente. É como sempre acontece, meu pai diz. Enquanto os homens se lembrarem dos danos feitos por seus antepassados, nenhuma paz vai durar. Então seguimos, século após século, odiando os Bracken e eles nos odiando. Meu pai diz que isso nunca terá um fim.
- Poderia ter.
- Como, meu senhor? Velhas feridas nunca se curam, meu pai diz.
- Meu pai tinha um ditado também. Nunca fira um inimigo quando você pode matá-lo. Mortos não clamam por vingança.
- Os filhos deles sim - disse Hoster, desculpando-se.
- Não se matar os filhos deles também. Pergunte aos Casterly sobre isso, se duvida de mim. Pergunte ao Senhor e à Senhora Tarbeck, ou aos Reynes de Casramere. Pergunte ao Príncipe de Pedra do Dragão. - Por um instante, as profundas nuvens vermelhas que coroavam as montanhas ocidentais o fizeram se lembrar dos filhos de Rhaegar entolados em mantos carmesins.
- Foi por isso que vocês mataram todos os Stark?
- Nem todos - disse Jaime. - As filhas de Lorde Eddard vivem. Uma acabou de se casar. A outra ... -. Brienne, onde está você? Você a encontrou? - ... se os deuses são bons, se esquecerá de que era uma Stark. Ela se casará com algum ferreiro corpulento ou um estalajadeiro de rosto gordo, encherá a casa dele de filhos e nunca precisará ter medo de que algum cavaleiro possa chegar e esmagar a cabeça das crianças contra uma parede.
- Os deuses são bons - seu refém disse, inseguro.
Continue acreditando nisso. Jaime deixou Honra sentir suas esporas.
Centarbor provou ser uma vila muito maior do que havia imaginado. A guerra estivera por lá também; pomares enegrecidos e as paredes quebradas de casas queimadas testemunhavam isso. Mas para cada casa em ruínas havia três sendo reconstruídas. Através do crepúsculo azul, Jaime vislumbrou palha fresca sobre um grupo de telhados e portas feitas de madeira recém-cortada. Entre um lago com patos e uma forja de ferreiro, ele se deparou com a árvore que dava nome ao lugar, um carvalho antigo e alto. Suas raízes nodosas se torciam por dentro e por fora da terra como um ninho de lentas serpentes marrons, e centenas de antigas moedas de dinheiros de cobre estavam pregadas no imenso tronco.
Peck encarou a árvore, e então as casas vazias.
- Onde estão as pessoas?
- Escondidas - Jaime falou para ele.
Dentro das casas todas as fogueiras haviam sido apagadas, mas algumas ainda soltavam fumaça, e nenhuma delas estava fria. A cabra que Harry Quente Merrell encontrou pastando em uma horta era a única criatura viva que podia ser avistada ... mas a vila tinha uma fortaleza tão robusta quanto qualquer outra no Tridente, e grossas muralhas de pedra de quase quatro metros de altura, e Jaime sabia que era ali que encontraria os moradores da vila. Eles se escondem atrás destas muralhas quando salteadores aparecem, e é por isso que ainda há uma vila aqui. E estão se escondendo ali novamente, de mim.
Cavalgou até os portões da fortaleza.
- Vocês aí dentro. Não queremos causar mal. Somos homens do rei.
Rostos apareceram na muralha sobre o portão.
- Homens do rei queimaram nossa vila - um homem gritou. - Antes disso, outros homens do rei levaram nossas ovelhas. Eram de um rei diferente, mas isso não importou para nossas ovelhas. Homens do rei mataram Harsley e Sor Ormond, e estupraram Lacey até que ela morreu.
- Não os meus homens - Jaime retrucou. - Vão abrir os portões?
- Quando vocês partirem, sim.
Sor Kennos cavalgou para perto dele.
- Podemos colocar esse portão abaixo facilmente, ou incendiá-lo.
- Enquanto jogam pedras em nós e nos cobrem com flechas. - Jaime abanou a cabeça. - Seria um negócio sangrento, e para quê? Essas pessoas não nos fizeram nenhum mal. Vamos nos abrigar nas casas, mas não roubaremos. Temos nossas próprias provisões.
Enquanto uma meia-lua subia no céu, eles amarraram os cavalos nos estábulos da vila e cearam cordeiro salgado, maçãs secas e queijo duro. Jaime comeu frugalmente e dividiu um odre de vinho com Peck e Hos, o refém. Tentou contar as moedas pregadas no velho carvalho, mas eram muitas e perdeu a conta. Para que isso? O rapaz Blackwood teria lhe dito quantas eram, se perguntasse, mas aquilo teria estragado o mistério.
Ele havia postado sentinelas, para garantir que ninguém deixasse o confinamento da vila. Enviara batedores também, a fim de se assegurar que nenhum inimigo os pegaria desprevenidos. Era quase meia-noite quando dois voltaram cavalgando com uma mulher que haviam capturado.
- Ela cavalgava com pressa, senhor, exigindo falar com você.
Jaime ficou em pé.
- Minha senhora. Não imaginava vê-la novamente tão logo. - Deuses, sejam bons, ela parece dez anos mais velha do que da última vez que a vi. E o que aconteceu com seu rosto? - Essa bandagem ... você foi ferida ...
- Um pouco. - Ela tocou o cabo da espada, a espada que ele lhe dera. Cumpridora de Promessas. - Meu senhor, você me deu uma missão.
- A garota. Você a encontrou:
- Encontrei - disse Brienne, a Donzela de Tarth.
- Onde ela está?
- A um dia daqui. Posso levá-lo até ela, sor... mas você precisa vir sozinho. Caso contrário, o Cão de Caça a matará. 

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