quinta-feira, 3 de outubro de 2013

60 - O PRETENDENTE REJEITADO


A hora dos fantasmas estava quase sobre eles quando Sor Gerris Drinkwater voltou, para a pirâmide, para relatar que havia encontrado Feijões, Livros e Velho Osso Bill em uma das adegas menos agradáveis de Meereen, bebendo vinho amarelo e observando escravos nus matarem-se uns aos outros com as mãos limpas e os dentes afiados.
- Feijões puxou uma lâmina e propôs uma aposta para determinar se desertores tinham barrigas cheias de lodo amarelo. - Sor Gerris contou. - Então joguei para ele um dragão e perguntei se ouro amarelo serviria. Ele mordeu a moeda e perguntou o que eu pretendia comprar. Quando contei, ele colocou a faca de lado e perguntou se eu estava bêbado ou louco.
- Que ele pense o que quiser, desde que entregue a mensagem - disse Quentyn.
- Ele fará isso. Aposto que você conseguirá seu encontro também, a menos que Esfarrapado e Bela Meris arranquem seu fígado e o fritem com cebolas. Devíamos prestar atenção em Selmy. Quando Barristan, o Ousado, diz para fugir, um homem sábio calça as botas. Devemos encontrar um navio para Volantis enquanto o porto ainda está aberto.
Só a menção daquilo fez Sor Archibald ficar verde.
- Sem navios. Prefiro saltar de volta para Volantis em um pé.
Volanltis, Quentyn pensou. E então Lys e, depois, casa. De volta pelo caminho que vim, de mãos vazias. Três bravos homens mortos, para quê?
Seria encantador ver o Sangueverde novamente, visitar Lançassolar e os Jardins das Águas, respirar o doce ar fresco da montanha em Yronwood, em vez dos humores quentes, úmidos e infectos da Baía dos Escravos. Seu pai não diria uma palavra de reprovação, Quentyn sabia, mas o desapontamento estaria em seus olhos. Sua irmã o desprezaria, as Serpentes de Areia zombariam dele com sorrisos tão afiados quanto espadas, e Lorde Yronwood, seu segundo pai, que enviara seu próprio filho para mantê-lo a salvo ...
- Não manterei vocês aqui - Quentyn disse para seus amigos. - Meu pai designou esta tarefa para mim, não para vocês. Vão para casa, se é o que desejam. Por qualquer meio que quiserem. Eu vou ficar.
O grandão deu de ombros.
- Então Drink e eu ficamos também.
Na noite seguinte, Denzo D'han apareceu na porta do Príncipe Quentyn para falar sobre os termos.
- Ele se encontrará com você amanhã, no mercado de especiarias. Procure por uma porta com uma flor de lótus púrpura. Bata duas vezes e chame por liberdade.
- De acordo - respondeu Quentyn. - Arch e Gerris estarão comigo. Ele pode levar dois homens também. Não mais do que isso.
- Se for do agrado do meu príncipe. - As palavras eram polidas o suficiente, mas o tom de Denzo estava afiado com malícia, e os olhos do poeta guerreiro brilhavam de zombaria. - Venha ao pôr do sol. E assegure-se de não ser seguido.
Os dornenses deixaram a Grande Pirâmide uma hora antes do pôr do sol, caso tomassem o caminho errado ou tivessem dificuldade em achar a flor de lótus púrpura. Quentyn e Gerris usavam os cinturões de espada. O grandão tinha seu martelo de guerra pendurado nas costas amplas.
- Ainda não é tarde demais para desistirmos desta tolice - Gerris falou, enquanto seguiam por um beco fétido em direção ao velho mercado de especiarias. O cheiro de mijo estava no ar, e podiam ouvir o barulho das rodas de ferro de uma charrete de cadáveres adiante. - O Velho Osso Bill costumava dizer que Bela Meris podia estender a morte de um homem por uma lua. Mentimos para eles, Quent. Usamos eles para chegar aqui, então fomos até os Corvos Tormentosos.
- Como nos foi ordenado fazer.
- O Esfarrapado nunca pretendeu que fizéssemos isso de verdade, no entanto - lembrou o grandão. - Seus outros meninos, Sor Orson e Pau Fino, Vaudefome, Will da Mata, aquele grupo, eles ainda estão em algum calabouço graças a nós. O velho Esfarrapado não pode ter gostado disso.
- Não - o Príncipe Quentyn concordou - mas ele gosta de ouro.
Gerris riu.
- Uma pena que não tenhamos nenhum. Você acredita nesta paz, Quent? Eu, não. Metade da cidade está chamando o matador de dragões de herói, e a outra metade cospe sangue à menção de seu nome.
- Harzoo - o grandão disse.
Quentyn franziu o cenho.
- Seu nome era Harghaz.
- Hizdahr, Humzum, Hagnag, o que importar Chamo todos eles de Harzoo. Ele não era nenhum matador de dragões. Tudo o que conseguiu foi o traseiro torrado e crocante.
- Ele foi bravo. - Será que eu teria a coragem de encarar aquele monstro com nada além de uma lança?
- Ele morreu bravamente, é o que você quer dizer.
- Ele morreu gritando - disse Arch.
Gerris colocou a mão sobre o ombro de Quentyn.
- Mesmo se a rainha voltar, ela ainda será casada.
- Não se eu der ao Rei Harzoo uma beijoca do meu martelo - sugeriu o grandão.
- Hizdahr - falou Quentyn. - O nome dele é Hizdahr.
- Um beijo do meu martelo e ninguém vai se importar como era o nome dele - respondeu Arch.
Eles não percebem. Seus amigos haviam perdido de vista seu verdadeiro propósito aqui. As estradas passam por ela, não até ela. Daenerys era o meio para alcançar o prêmio, não o prêmio em si.
- “O dragão tem três cabeças”, ela disse para mim. “Meu casamento não precisa ser o fim das suas esperanças”, ela falou. “Sei por que você está aqui. Por fogo e sangue” Tenho sangue Targaryen em mim, vocês sabem disso. Posso traçar minha linhagem até...
- Foda-se sua linhagem - falou Gerris. - Os dragões não se importam com seu sangue, exceto, talvez, com o gosto dele. Você não pode domar um dragão com uma lição de história. Eles são monstros, não meistres. Quent, é isso realmente o que você quer fazer?
- Isso é o que tenho que fazer. Por Dorne. Por meu pai. Por Cletus, Will e Meistre Kendry.
- Eles estão mortos - disse Gerris. - Não se importam.
- Todos mortos - Quentyn concordou. - E para quê? Para me trazer até aqui, para que eu pudesse me casar com a rainha dragão. Uma grande aventura, Cletus chamou. Estradas do demônio, mares tormentosos e, no fim, a mais bela mulher do mundo. Uma história para contar para nossos netos. Mas Cletus nunca gerará uma criança, a menos que tenha deixado um bastardo na barriga daquela puta da taverna que ele gostava. Will nunca se casará. Essas mortes precisam ter algum significado.
Gerris apontou para onde um cadáver caíra encostado em uma parede de tijolos, cercado por uma nuvem de brilhantes moscas verdes.
- A morte dele tem significado?
Quentyn olhou para o corpo com desgosto.
- Ele morreu de fluxo. Fique bem longe dele. - A égua descorada estava dentro das muralhas da cidade. Não é de admirar que as ruas parecessem tão vazias. - Os Imaculados enviarão uma charrete de cadáveres para pegá-lo.
- Sem dúvida. Mas não foi essa a minha questão. A vida dos homens tem significado, não sua morte. Eu amava Will e Cletus também, mas isso não os trará de volta. Isso é um engano, Quent. Você não pode confiar em mercenários.
- Eles são homens como quaisquer outros. Querem ouro, glória, poder. É nisso que estou acreditando. - Nisso e no meu próprio destino. Sou um príncipe de Dorne, e o sangue dos dragões está em minhas veias.
O sol estava mergulhando atrás das muralhas da cidade quando encontraram a flor de lótus púrpura pintada na porta de madeira desgastada de um casebre baixo de tijolos, em meio a uma fileira de casebres iguais, à sombra da grande pirâmide amarela e verde de Rhazdar. Quentyn bateu duas vezes, como fora instruído. Uma voz gutural grunhiu algo ininteligível na língua mestiça da Baía dos Escravos, uma feia mistura de Ghiscari Antigo e Alto Valiriano. O príncipe respondeu na mesma língua:
- Liberdade.
A porta se abriu. Gerris entrou primeiro, por precaução, com Quentyn logo atrás dele e o grandão na retaguarda. Lá dentro, o ar estava nebuloso com uma fumaça azulada, cujo cheiro doce não conseguia encobrir o profundo fedor de mijo, vinho azedo e carne podre. O espaço era muito maior do que parecia de fora, estendendo-se para a direita e para a esquerda pelos casebres vizinhos. O que visto da rua parecia ser uma dúzia de estruturas transformava-se em um longo salão do lado de dentro.
Nessa hora, a casa estava com menos de metade da sua capacidade. Uns poucos fregueses obsequiaram os dornenses com olhares entediados, hostis ou curiosos. Os demais estavam amontoados ao redor de uma arena, no fundo do salão, onde dois homens nus cortavam um ao outro com facas enquanto os observadores torciam.
Quentyn não viu sinal do homem que viera encontrar. Então uma porta que não havia notado antes se abriu, e uma velha saiu dela, uma coisa encolhida em um tokar vermelho-escuro com franjas e pequenas caveiras de ouro. Sua pele era branca como leite de égua, o cabelo tão fino que era possível ver o couro cabeludo por baixo.
- Dorne - ela disse - sou Zahrina. A flor de lótus púrpura. Desça por aqui, você o encontrará. - Segurou a porta e fez um gesto para que passassem.
Depois da porta havia uma escadaria de madeira, íngreme e sinuosa. Dessa vez, o grandão foi na frente e Gerris na retaguarda, com o príncipe entre eles. Uma adega subterrânea. Era um longo caminho para baixo, e tão escuro que Quentyn teve que se segurar na parede para evitar escorregar. Perto do fim, Sor Archibald puxou sua adaga.
Chegaram a um salão de tijolos abobadado, três vezes o tamanho da adega acima. Imensos tonéis de madeira cobriam as paredes, tanto quanto o príncipe podia ver. Uma lanterna vermelha estava pendurada em um gancho atrás da porta e uma vela preta gordurosa tremeluzia em um barril virado que servia de mesa. Essa era a única luz.
Caggo Matacadáver andava pelos tonéis de vinho, seu arakh negro pendurado na cintura. Bela Meris segurava uma besta, seus olhos tão frios e mortos quanto duas pedras preciosas cinzentas. Denzo D'han trancou a porta assim que os dornenses entraram, então tomou posição diante dela, braços cruzados contra o peito.
Um a mais, Quentyn pensou.
O Príncipe Esfarrapado estava sentado na mesa, acariciando um copo de vinho. Sob a luz amarela da vela, seu cabelo cinza-prateado parecia quase dourado, embora as bolsas sob os olhos estivessem tão grandes quanto alforjes. Ele usava um casaco de viajante de lã marrom, com uma cota de malha prateada reluzente por baixo. Aquilo indicava traição, ou simples prudência? Um mercenário velho é um mercenário cauteloso. Quentyn se aproximou da mesa.
- Meu senhor. Parece diferente sem seu manto.
- Minha roupa esfarrapada? - O pentoshi deu de ombros. - Uma coisa simples ... e, mesmo assim, aqueles farrapos enchem meus inimigos de medo e, no campo de batalha, a simples visão dos meus trapos soprando ao vento encoraja meus homens mais do que qualquer estandarte. E se quero passar despercebido, só preciso tirá-los para me tornar comum e banal. - Ele fez um gesto em direção ao banco em sua frente. - Sente-se. Soube que é um príncipe. Queria ter sabido antes. Quer beber? Zahrina serve comida, também. Seu pão é velho e o ensopado é indizível. Gordura e sal, com um pedaço ou dois de carne. Cão, ela diz, mas acho que rato é mais provável. Não o matará, no entanto. Descobri que é preciso tomar cuidado apenas quando a comida é tentadora. Envenenadores invariavelmente escolhem os pratos mais seletos.
- Você trouxe três homens - Sor Gerris apontou, com farpas na voz. - Tínhamos concordado com dois para cada.
- Meris não é homem. Meris, querida, levante a blusa, mostre para ele.
- Isso não será necessário - falou Quentyn. Se a conversa que ouvira era verdadeira, embaixo daquela blusa Bela Meris tinha apenas as cicatrizes deixadas pelos homens que cortaram seus seios fora. - Meris é uma mulher, concordo. Ainda assim, você distorceu os termos.
- Esfarrapado e sinuoso, que ladino eu sou. Três para dois não é muita vantagem, deve-se admitir, mas conta para alguma coisa. Neste mundo, um homem deve aprender a aproveitar qualquer que seja o presente que os deuses enviaram para ele. Essa foi uma lição que aprendi com algum custo. Ofereço para você como sinal da minha boa-fé. - Gesticulou para a cadeira novamente. - Sente-se e diga o que veio dizer. Prometo não matá-lo até ouvir tudo. É o mínimo que posso fazer para um companheiro príncipe. Quentyn, não é isso?
- Quentyn da Casa Martell.
- Sapo cai melhor em você. Não tenho costume de beber com mentirosos e desertores, mas você me deixou curioso.
Quentyn se sentou. Uma palavra errada, e isto pode se transformar em sangue em um piscar de olhos.
- Peço perdão pelo nosso truque. Os únicos navios zarpando da Baía dos Escravos eram os que haviam sido contratados para trazê-los até a guerra.
O Príncipe Esfarrapado deu de ombros.
- Todo vira-casaca tem sua história. Você não é o primeiro a me jurar sua espada, pegar meu dinheiro e fugir. Todos têm motivos. “Meu filhinho está doente” ou “Minha esposa está colocando chifres em mim” ou “Todos os outros homens me fazem chupar seu pau”. Um menino encantador, este último, mas não perdoei sua deserção. Outro companheiro me disse que nossa comida era tão miserável, que teve que fugir antes de ficar doente, então cortei o pé dele, assei-o e o obriguei a comê-lo. Depois, eu o fiz cozinheiro do acampamento. Nossas refeições melhoraram significativamente, e quando o seu contrato terminou, ele assinou outro. Você, no entanto ... vários dos meus melhores estão trancados nos calabouços da rainha, graças a essa sua língua mentirosa, e duvido que você consiga cozinhar.
- Sou um príncipe de Dorne - disse Quentyn. - Tenho um dever com meu pai e com meu povo. Havia um pacto nupcial secreto.
- Ouvi dizer. E quando a rainha prateada viu seu pedaço de pergaminho, ela caiu em seus braços, certo?
- Não - disse Bela Meris.
- Não? Oh, eu me lembro. Sua noiva fugiu em um dragão. Bem, quando ela voltar, assegure-se de nos convidar para suas bodas. Os homens da companhia vão amar beber à sua felicidade, e eu realmente adoro um casamento westerosi. A parte da noite de núpcias, especialmente, só ... oh, espere ... - Ele se virou para Denzo D'han. - Denzo, achei que você tivesse me dito que a rainha dragão se casou com um ghiscari.
- Um nobre meereenês. Rico.
O Príncipe Esfarrapado se virou novamente para Quentyn.
- Isso pode ser verdade? Certamente não. E seu pacto nupcial?
- Ela riu dele - disse Bela Meris.
Daenerys nunca riu. O resto de Meereen podia olhar para ele como uma curiosidade divertida, como o exilado da Ilha do Verão que o Rei Robert costumava manter em Porto Real, mas a rainha sempre falara com ele gentilmente.
- Chegamos tarde demais - respondeu Quentyn.
- Uma pena que não tenha desertado mais cedo. - O Príncipe Esfarrapado tomou seu vinho. - Então ... nenhum casamento para o Príncipe Sapo. É por isso que voltou pulando para mim? Meus três corajosos dornenses resolveram honrar seus contratos?
-Não.
- Que incômodo.
- Yurkhaz zo Yunzak está morto.
- Notícias antigas. Eu o vi morrer. O pobre homem viu um dragão e tropeçou quando tentou fugir. Então milhares de seus amigos mais próximos o pisotearam. Sem dúvida, a Cidade Amarela está inundada em lágrimas. Veio aqui para brindar pela memória dele?
- Não. Os yunkaítas já escolheram um novo comandante?
- O conselho de mestres tem sido incapaz de chegar a um acordo. Yezzan zo Qaggaz tinha mais apoio, mas ele morreu também. Os Sábios Mestres estão revezando o supremo comando entre eles. Hoje nosso líder é aquele que seus amigos das fileiras apelidaram de Conquistador Bêbado. Amanhã será o Lorde Balançabochecha.
- O Coelho - disse Meris. - O Balançabochecha foi ontem.
- Me sinto corrigido, minha querida. Nossos amigos yunkaítas foram gentis o suficiente para nos dar uma tabela. Preciso me esforçar para ser mais assíduo em consultá-la.
- Yurkhaz zo Yunzak foi o homem que contratou você.
- Ele assinou nosso contrato em nome da cidade. Só isso.
- Meereen e Yunkai fizeram as pazes. O cerco está para ser erguido, os exércitos dissolvidos. Não haverá batalha nem matança, nenhuma cidade para saquear ou pilhar.
- A vida é cheia de desapontamentos.
- Por quanto tempo você acha que os yunkaítas vão querer continuar pagando salários de quatro companhias livres?
O Príncipe Esfarrapado tomou um gole de vinho e disse:
- Uma questão incômoda. Mas este é o estilo de vida para nós, homens das companhias livres. Uma guerra termina, outra começa. Felizmente, sempre há alguém lutando em algum lugar. Talvez aqui. Mesmo enquanto estamos sentados bebendo, Barbassangrenta está instando nossos amigos yunkaítas a presentear o Rei Hizdahr com outra cabeça. Libertos e senhores de escravos olham uns para o pescoço dos outros e afiam suas facas, os Filhos da Harpia conspiram em suas pirâmides, a égua descorada cavalga tanto com escravos quanto com senhores, nossos amigos da Cidade Amarela olham para o mar e, em algum lugar nas terras de grama, um dragão mordisca a carne fresca de Daenerys Targaryen. Quem governa Meereen esta noite? Quem governará amanhã? - O pentoshi deu de ombros. - De uma coisa estou certo. Alguém precisará das nossas espadas.
- Eu preciso dessas espadas. Dorne contratará vocês.
O Príncipe Esfarrapado olhou para Bela Meris.
- Ele não tem lugar para rancor, este Sapo. Devo lembrá-lo? Meu caro príncipe, você usou o último contrato que assinamos para limpar seu lindo traseiro rosado.
- Eu dobro o que quer que os yunkaítas estejam pagando.
- E vai pagar em ouro no momento da assinatura do nosso contrato, certo?
- Pagarei parte quando chegarmos a Volantis, o resto quando estiver de volta a Lançassolar. Trouxemos ouro conosco quando zarpamos, mas teria sido difícil escondê-lo uma vez que nos juntássemos à sua companhia, então colocamos nos bancos. Posso mostrar os papéis.
- Ah. Papéis. Mas seremos pagos em dobro.
- Duas vezes, com muitos papéis - disse Bela Meris.
- O resto você receberá em Dorne - Quentyn insistiu. - Meu pai é um homem de honra. Se eu colocar meu selo em nosso acordo, ele cumprirá com os termos. Você tem minha palavra nisso.
O Príncipe Esfarrapado terminou seu vinho, virou a taça e colocou-a entre eles.
- Então. Deixe-me ver se entendi. Um comprovado mentiroso e perjuro deseja nos contratar e pagar com promessas. E por quais serviços, me pergunto? Meus Soprados pelo Vento devem esmagar os yunkaítas e saquear a Cidade Amarela? Derrotar um khalasar dothraki em campo aberto? Escoltá-lo para casa, até seu pai? Ou você ficaria satisfeito se entregássemos a Rainha Daenerys em sua cama, molhada e disposta? Diga-me a verdade, Príncipe Sapo. O que tem para mim e para os meus?
- Preciso que me ajude a roubar um dragão.
Caggo Matacadáver riu. Bela Meris curvou os lábios em um meio sorriso. Denzo D'han assobiou.
O Príncipe Esfarrapado apenas se recostou em seu assento e disse:
- O dobro não paga por dragões, pequeno príncipe. Mesmo um sapo deveria saber isso. Dragões são caros. E homens que pagam com promessas deveriam ao menos ter o senso de prometer mais.
- Se você quer que eu triplique ...
- O que eu quero - disse o Príncipe Esfarrapado - é Pentos. 

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